Links de Acesso

Morreu Óscar Ribas


Os restos mortais do escritor angolano, Óscar Ribas, falecido no ultimo fim de semana em Lisboa, onde residia há vários anos, foram cremados esta segunda feira como era seu desejo.

Óscar Ribas nasceu em Luanda a 17 de Agosto de 1909 e muito cedo perdeu a visão, facto que não o impediu de se dedicar com afinco à literatura, onde se destacou como pioneiro da ficção literária em Angola.

Aos 18 anos de idade Óscar Ribas iniciava a sua carreira literária, abrindo um período de publicação das novelas "Nuvens que passam" e "Resgate de uma falta", publicadas respectivamente em 1927 e 1929.

A seguir torna publico "Flores e Espinhos", "Uanga" e "Ecos da Minha Terra" dados a estampa entre 1948 e 1952 com intervalos de dois anos entre estas publicações.

Seguiram-se depois as obras que exploravam a matriz filosófica, literária e religiosa da cultura kimbundu. "Ilundo-Espíritos" , "Ritos angolanos” e "Missosso”, esta ultima em três volumes, engrossam o conjunto da sua obra entre outros títulos.

“Óscar Ribas foi a principal biblioteca viva, porque tinha um saber e um conhecimento da nossa maneira de estar no mundo como único”, assim o definiu o secretário-geral da União dos Escritores Angolanos, Botelho de Vasconcelos, que lamentou, entretanto, o facto de a sociedade angolana não ter tirado melhor partido da sua sabedoria.

Botelho de Vasconcelos adiantou à Voz da América que pessoalmente tem estado a reflectir sobre o papel que os escritores podem ter neste momento crucial para a vida do pais e evitar que a cultura nacional se empobreça cada vez mais.

“E uma perda que nos leva a reflectir sobre se os nossos escritores que têm mais de 55 anos não terão que se constituir numa reserva moral do pais, através da inclusão na nossa estrutura orgânica da figura de a comissão de sábios que pudesse uma vez por ano dissertar e avisar a nação sobre as grandes questões que têm a ver com o desenvolvimento até que os políticos possam acertar os seus tiros”.

O momento sensível que o pais atravessa recomenda de resto, segundo o secretario da UEA, que os escritores tomem parte da correcção das políticas de desenvolvimento, muitas das quais não satisfaz a maior parte da população.

Clássico como é, Óscar Ribas e outros vultos literários angolanos devem fazer parte dos centros de educação, dos centros de promoção da literatura e do deleite cultural. O estado deve prover fundos para que isto seja feito o mais rápido possível. “Veja, nos nem conseguimos potenciar os nossos discursos, a nossa maneira de diálogo utilizando estes saberes deixados por Óscar Ribas que são os provérbios que poderiam contribuir para que a nossa linguagem fosse mais compreensiva, mais rica de espiritualidade e muito mais rica de plástica e nos temos deixado estes saberes de Óscar Ribas em folhas de papel”.

Residente em Lisboa desde 1983, Óscar Ribas foi distinguido há quatro anos, pelo Ministério da Cultura, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Humanas, avaliado em 25 mil dolares americanos.

Fora do pais, Óscar Ribas recebeu importantes galardoes e títulos honoríficos outorgados por instituições argentinas, brasileiras e portuguesas.

As cinzas daquele que e considerado o mais importante vulto da literatura e etnologia angolana serão trasladadas para Luanda nos proximos dias onde vão ser sepultadas definitivamente no Cemitério do Alto das Cruzes.

XS
SM
MD
LG