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Eduardo dos Santos vai a Inglaterra e China - 2004-06-11


Se terminarem da melhor maneira os esforços ora iniciados por companhias de «lobby», empresas petrolíferas , e pelo governo de Angola, o presidente José Eduardo dos Santos poderá visitar a Inglaterra em Setembro próximo. Nos centros de decisão em Luanda, há a convicção de que a visita acontecerá.

Ainda em fase embrionária , a visita pode significar mais um passo em frente para a anulação progressiva dos problemas de imagem que o Governo de Angola vem enfrentando de uns anos a esta parte. Tem sido a partir de Londres que o conhecido grupo de pressão Global Witness produz e publica relatórios que comprometem sobremaneira a reputação dos principais dirigentes angolanos. Até cerca de dois meses os líderes de Angola evitavam tomar parte em fóruns realizados em Londres cuja temática fosse a boa governação, e transparência.

As coisas estão a mudar substancialmente . Carlos Feijó chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angola, participou em Abril passado num evento organizado pelo Royal Institute. Conquanto o assunto principal fosse gás e petróleo, Feijó fechou a sua agenda em Londres com um encontro com a Global Witness. Antes disso, membros do Governo de Angola participaram a título «individual» num evento promovido pelo British Angola Forum, onde se falou de contas, investimento e gestão da “rés pública” em Angola.

O diálogo com a Global Witness conforma também a estratégia de Luanda de não evitar mais eventos organizados por instituições supostamente hostis. Nas duas últimas semanas o MPLA participou de um só jacto, em dois simpósios nos quais a Open Society, entidade também até aqui pouco tolerada pelo partido no poder, tinha as «impressões digitais». Um em Lisboa, co-organizado com a Fundação Mário Soares, e outro em Luanda inteiramente concebido pela Open Society.

Neste processo de aproximação aos grupos de pressão, Luanda viria a receber da Global Witness uma apreciação positiva por ter decidido publicar os resultados do estudo diagnóstico do sector dos petróleos preparado pela KPMG.

Perante um cenário destes, e somados os resultados obtidos na recente visita aos Estados Unidos da América , a deslocação de José Eduardo dos Santos a Inglaterra parece depender apenas de acertos de calendários entre o Palácio da Cidade Alta, e o Downing Street 10, residência oficial do primeiro-ministro britânico. Ainda assim Luanda terá que preparar melhor resposta do aquela que levou a Washington relativa à adesão à Iniciativa para Transparência na Indústria Extractiva (ITIE).

Recebida pacificamente pelas autoridades angolanas aquando do seu lançamento em 2002,a ITIE «jaz» agora no molho de assuntos a considerar mais tarde. A verdade é que tanto a Global Witness quanto a Human Rights Wacth,a Transparency International e outras instituições estão de atalaia, e ninguém se surpreenda com o ruído que vierem a fazer por altura da visita de Eduardo dos Santos.

A «cábula» preparada para Washington dizia que a adesão a ITIE seria executada tão logo tivessem criadas as condições. As autoridades dizem que não querem repetir o que a Nigéria fez, que depois de ter aderido mostrou-se impotente para respeitar o compromisso daí decorrente que impõe a divulgação dos valores que entram e saem em todas as operações ligadas à industria extractiva.

Eduardo dos Santos deverá visitar também a China país que concedeu este ano a Angola um empréstimo de 2 mil milhões de dólares. Luís Costa

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