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UNITA e MPLA : quem persegue quem? - 2004-06-04


A guerra em Angola terminou há dois anos, mas os incidentes que ocorrem aqui e acolá, fazem lembrar os anos de 1991 e 1992 período em que ainda havia dois exércitos. Não há muitos mortos como no passado, mas existe a guerra de palavras, com uma e outra parte a trocarem acusações. A polícia é acusada de não dar protecção aos militantes da UNITA, enquanto que estes são vistos como gente em quem não se deve confiar por supostamente terem cometido excessos no passados. Em todo o caso Júlio Martins secretário do MPLA para os Assuntos Políticos e eleitorais não aceite que se fale de perseguição deliberada aos militantes da UNITA.

« O problema não se coloca em intimidações ou perseguições orientadas. Isto resulta de factores sociológicos. Resulta fundamentalmente do facto de estarem neste momento em algumas localidades, indivíduos que num passado recente- afinal o conflito terminou apenas há dois anos- cometeram uma série de barbaridades, mesmo contra parentes próximos. As pessoas não estão a olhar a roupagem política de cada um . Estão simplesmente em desavenças. Não podemos encarar isto como uma acção concertada no sentido de molestar ou intimidar os cidadão».

A verdade é a UNITA tanto no interior como em Luanda não aceita as justificações do MPLA e do Governo. Para Adalberto Costa Júnior, porta-voz da UNITA coisas que o governo pode fazer, e não faz.

« Não conheço nenhum caso de investigação, ou de apuramento de responsabilidades, não conheço ninguém que tivesse sido levado a tribunal para assumir a violência praticada. Isto diz-me que devemos estar um pouco mais atentos ao que se está a passar. Quando os incidentes são às centenas e não há responsáveis identificados, quando não se abrem processos para responsabilização dos autores, estamos a pôr em causa as instituições. Logo os discursos de ocasião devem desaparecer , devem deixar de ser partidárias as justificações e devemos pedir responsabilidades a quem tem que a dar..os tribunais , a polícia , a procuradoria geral da República, enfim o próprio estado que não garante ».

Júlio Martins rejeita a sugestão de complacência ou perseguição, porque a acontecer, citamos o governo estaria a agir contra os seus próprios interesses.

«Não faz sentido que depois de termos feito um grande esforço para acomodarmos mais de 450 mil pessoas que estavam nas matas, e que estavam organizadas em actividades hostis ao estado, não faz sentido que depois de termos feito este esforço nos envolvamos em actos de intimidação..não faz sentido».

Jú Martins e Adalberto Costa Júnior concordam num ponto..as coisas hão de melhorar.Luís Costa

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