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Se a oposição se mantém unida - 2004-06-01


Se a oposição se mantém unida em relação ao contencioso que afecta o desempenho da Comissão Constitucional, e que poderá ditar a marcação de um calendário eleitoral, o mesmo não pode ser dito em relação à harmonia dentro da própria oposição.

O conclave desta segunda-feira ficou marcado pela recusa de dois partidos em tomarem parte num evento que deveria reafirmar a sua coesão. Carlos Leitão, presidente do PADEPA , e Laurindo Neto, presidente da Aliança Nacional, abandonaram a sala antes mesmo do evento começar para protestar contra uma alegada subalternizarão que a oposição parlamentar, expõe os partidos sem assento no parlamento.

Confrontados com um formato que aparentemente não lhes reservava nenhuma visibilidade, Carlos Leitão e Laurindo Neto entenderam sair porque, acima de tudo, não era a primeira vez que eram marginalizados. Carlos Leitão resumiu à Voz da América as razões para a sua retirada.

“Estamos a falar de encontro de partidos políticos e é preciso que se respeite aos lideres dos partidos políticos. Primeiro é que o convite não foi acompanhado de um programa e postos cá vemos que de facto há uma autêntica organização e nos achamos bem que devemos nos retirar porque situações como estas exigem seriedade, responsabilidade, porquanto estamos a abordar assuntos sérios e não podemos estar a pactuar com a desorganização”.

Além da alegada subalternização, Laurindo Neto, presidente da Aliança Nacional, outro partido que se rebelou com o facto, evocou acertos anteriores que indicavam para a necessidade de se realizar um encontro em busca de consensos, excluindo desde já qualquer espécie presidência.

Ao passar-se ao lado do havia que sido acordado anteriormente, estavam no entender de Laurindo Neto , criadas as condições para um certo bloqueio ao consenso, descartando contudo a ideia de desunião entre os partidos políticos angolanos.

“Angola precisa de quebrar os vícios dados ao MPLA enquanto partido no poder, ou seja se vamos testemunhar sem contestar abusos como actualmente acontece com o partido no poder, está na cara que o próximo poder se for alternativo terá a mesma configuração e nos não queremos isso. Nos preferimos um novo poder com base num protocolo, com base no civismo, com base no consenso e não mais a repetição dos abusos do MPLA. Esta é a razão por que nos decidimos não integrar este conclave”.

Na sala ficaram além da oposição parlamentar, representantes dos POC e do PAI. A ausência do PADEPA e da Aliança Nacional não esvaziou os esforço da oposição, mas deixou a ideia de uma certa fragmentação que Adalberto da Costa Júnior, da UNITA, desdramatizou.

O abandono por parte dos dois partidos da oposição, segundo Adalberto Costa Júnior, representou a introdução de um elemento surpreendente que pode ser ultrapassado, mesmo porque foram razões protocolares que estiveram na base do abandono.

“Estou convencido que o futuro vai trazer de volta quem saiu há pouco e penso mesmo que a este nível não vale a pena funcionar de cabeça quente. E é normal que estas coisas acabem por ocorrer, porque viemos de uma Angola muito conturbada, onde infelizmente foi a violência que imperou e também uma cultura democrata no seu limite não foi um facto. Isto é uma aprendizagem para todos”.

Os partidos políticos da oposição reuniram-se para concertar estratégias com vista a contrapor o MPLA que vem negociando bilateralmente o regresso dos seus representantes na Comissão Constitucional, onde decorrem trabalhos para a elaboração da futura constituição para Angola.

Depois de se ter reunido à semana passada com o PAJOCA e com PRS, hoje o MPLA manteve contactos com o PRD. (LC/EM)

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