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Economia do futuro passa por Washington


Os números e as propostas que a equipa económica levou para Washington confirmam o que há algum tempo se vem desenhando: as autoridades angolanas não só estão dispostas a pôr ordem na economia, como estão convencidas de que este desiderato passa pela capital norte-americana. Afinal aí estão sediadas as instituições de Bretton Woods.

Números a que a Voz da América teve acesso indicam que do pacote que Aguinaldo Jaime, José Pedro de Morais e Amadeu Maurício levaram para Washington, constam projecções do PIB para 13.2 por cento cuja sustentação será assegurada com crescimento da produção de petróleo.

No «mapa económico» preparado antes da partida de Luanda, as autoridades angolanas estabeleciam 20 por cento como meta para a inflação acumulada no final do ano, o que segundo membros da delegação de Angola está de acordo com o défice fiscal estimado em 4 por cento.

Luanda estima também que o serviço da dívida venha a subir «suavemente» podendo vir a representar perto de 10 por cento do PIB. Estes e outros números conformam a necessidade de Angola conseguir financiamentos em condições razoáveis. Aqui entra o EXIMBANK, banco de importação e exportação dos Estados Unidos, de quem Angola procura obter cobertura do seguro de crédito para alguns projectos. Destes projectos constam a construção de uma refinaria no Lobito com uma capacidade de tratamento de 200 mil barris de petróleo por dia, e o programa de exploração de gaz , LNG.

Angola procura também assistência para a criação de um sistema financeiro para a indústria de diamantes.

Luanda espera ainda beneficiar da influência dos Estados Unidos para o estabelecimento de novas consultas com o Clube de Paris , que pressupõem o reescalonamento da dívida, e a obtenção de novos créditos.

A acontecer, os créditos seriam negociados com base no principio risco-país, garantias soberanas. As autoridades angolanas entendem, entretanto, pelo menos assim pensavam antes da partida para Washington, que um compromisso dessa natureza não deve significar para já, o fim da obtenção de financiamentos de longo prazo no mercado de capitais.

Do FMI onde os EUA também têm grande influência Angola deseja partir para um acordo que resolveria eventualmente a questão do quadro fiscal de médio prazo, pois assim ficaria espelhado o déficit de recursos do país nos próximos três anos. O acordo poderia resolver também a questão da sustentabilidade da dívida. A sua análise é importante para que Angola possa determinar como assegurar o serviço da dívida com recursos fiscais. As autoridades angolanas são de opinião que observado o track-record recomendado pelo FMI deveria ser considerada a busca de financiamentos para a transição que levaria a descontinuidade dos empréstimos garantidos com petróleo.

À partida de Luanda, a delegação de Angola vinha ponderando sobre a obtenção de um crédito de até 500 milhões de dólares junto do Banco Mundial, que seria aplicado na balança de pagamentos . A tudo isto Angola junta a necessidade de se dar corpo à conferência de doadores. Luanda levou como argumentos, os progressos registados na clarificação dos fluxos entre a Sonangol e o Tesouro, bem como os avanços registados na compilação das estatísticas da dívida e decisão de publicar o estudo-diagnóstico ao sector do petróleo. Ao argumento de que Angola vem evitando a adesão a Iniciativa para Transparência na Indústria Extractiva as autoridades angolanas levavam como resposta a necessidade de se trabalhar no caso de forma ponderada para evitar o que aconteceu na Nigéria cujo governo vem mostrado dificuldades em respeitar os compromissos que assumiu.

As consultas incluíam também negociações com a Boeing tendo em vista a compra de três aviões do tipo 777, e 6 do estilo 737. A companhia angolana TAAG espera transformar a partir de 2008 os seus Boeing 747 300 Combi em aviões exclusivamente para carga.

Angola esperava «cravar» a Washington assistência para a construção de vias rápidas nos troços Caxito-Nzeto-Soyo, Nzeto-Mbanza Congo, e de uma transnacional que ligaria que iria de Nóqui a Cabinda, passando por Matadi no Congo Kinshasa. Luanda nõ tem escondido o seu interesse em obter ajuda para combate à sida, no que os EUA têm se mostrado disponíveis. Luís Costa

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