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Quando Bouteflika concorreu - 2004-04-08


Quando Bouteflika concorreu, pela primeira vez, em 1999, à presidência da Argélia, todos os candidatos da oposição desistiram nas vésperas do sufrágio, sustentando que a votação era fraudulenta.

No topo da lista de queixas a de que Bouteflika tinha sido seleccionado por uma estrutura militar que muitos argelinos classificam como sendo o ”poder” ou ”os que decidem” na Argélia.

Desta vez, Bouteflika enfrenta cinco candidatos da oposição, incluindo seu antigo primeiro ministro, Ali Benflis, e não é claro se os militares argelinos apoiam qualquer dos candidatos, incluindo o próprio Bouteflika.

Encontrando-se a Argélia ainda longe de ser uma democracia, referem os analistas, muitas das alterações constituem novidade num país que passou por ditaduras militares e décadas de partido único.

Segundo os analistas talvez a diferença mais importante dos últimos cinco anos resida no facto de, pela primeira vez, um presidente argelino concorre à re eleição. Outras alterações foram recentemente introduzidas. Durante a presidência de Bouteflika, o governo decretou uma vasta amnistia, não perdoando apenas os combatentes islamistas mais brutais, que tenham participado nos confrontos com o governo na década de noventa, na tentativa falhada de estabelecer um estado islâmico.

Hoje em dia os islamistas encontram-se fracos e divididos, e num outro sinal dos tempos, alguns antigos dirigentes do ilegalizado Exército de Salvação apoiam publicamente o segundo mandato de Bouteflika.

Sob a presidência de Bouteflika, tendo sido ele mesmo antigo ministro dos estrangeiros ... a Argélia deu os primeiros passos no sentido das reformas económicas, sendo - lhe atribuído o regresso à cena internacional, após anos de isolamento diplomático.

Melhorou o relacionamento com a antiga potência colonial, a França, e o seu governo tem cooperado com os Estados Unidos na guerra contra o terrorismo.

Os analistas e os diplomatas estrangeiros acentuam que a Argélia ainda tem muito para evoluir, tanto política como economicamente falando. Permanecem todavia, os abusos dos direitos humanos, e a corrupção e os estrangeiros tem sido lentos em investir na Argélia.

O director de campanha de Bouteflika, manifesta-se confiante na re eleição, sublinhando que a maioria dos argelinos deseja a estabilidade e a continuidade.

Os críticos de Bouteflika apresentam um panorama da Argélia, sustentando que tem sido as receitas lucrativas do petróleo e as boas colheitas agrícolas que estimularam o recente crescimento económico, acusando o presidente de ser autoritário.

Os políticos da oposição alertam igualmente para a possibilidade de fraude generalizada no sufrágio de amanhã, quinta feira, apesar das promessas por parte do governo e dos militares de que a eleição será livre e honesta.

Um desses elementos, é o vice-presidente do moderado Movimento Islâmico para a Reforma, partido que apresenta um candidato à presidência, sustentando que durante a campanha se registaram irregularidades, como seja a supressão da liberdade de imprensa.

Nas ruas da Argélia, os cidadãos têm opiniões diferentes sobre o sufrágio e sobre Bouteflika. Enquanto uns referem não ter confiança em qualquer dos políticos, outros preferem um governo islamista, e ainda outros que seja eleito um novo presidente.

O resultado do sufrágio é imprevisível, com alguns analistas prevendo a vitória fácil de Bouteflika, e outros a levantar a possibilidade de que não obtenha a maioria absoluta, sendo necessária uma segunda volta.

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