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As atitudes indiscretas de Napoleão - 2004-04-06


Democracia Americana: Os Primeiros 45 Anos

As atitudes indiscretas de Napoleão, criando ciúmes mal-avisados entre dois dos seus principais ministros, François de Marbois eTalleyrand, resultaram em surpresas de que beneficiou a posição americana durante as negociações com os dois diplomatas americanos, James Monroe e Robert Livingston, em 1803:Tomé Mbuia João : Democracia Americana: Os Primeiros 45 Anos.

A aquisição do Território da Louisiana por Jefferson duplicou o tamanho do que eram no mapa físico os Estados Unidos em 1803. Foram criados neste território - do centro-oeste americano - os estados da Louisiana, Missouri, Iowa, Oklahoma, Kansas, Nebraska, as duas Dakotas, e zonas do estado do Minnesota. Tratava-se dos custos da guerra a cargo de Marbois, o ministro das finanças, que não se mortificou em levantar a questão da venda de Nova Orleães e da Lousiana aos americanos, assegurando a Napoleão que o preço que o presidente americano estaria disposto a pagar, poderia aliviar parte das despesas militares. Napoleão não confiava muito em Talleyrand durante as negociações, diz a história, virando-se quase sempre a Marbois, como que a ignorar a presença de Talleyrand no governo - uma vez teria dito Napoleão ao Ministro Marbois: ”tu que és ministro do tesouro, porque é que não me vendes aquelas terras aos americanos?. Napoleão temia o seu ministro dos negócios estrangeiros, grande mestre dos bastidores da Europa, se estivesse no jogo a tempo inteiro, a partida estaria perdida. Mas Talleyrand chegou a saber.

Talleyrand sentiu-se picado e mortificado, e decidiu fazer o seu próprio jogo, mas felizmente para os Americanos, não foi para complicar-lhes o caminho, apenas para embaraçar a liga Napoleão-Marbois, sobretudo aquele. Talleyrand abriu o acesso aos segredos de Napoleão nesta matéria aos diplomatas americanos insinuando-lhes subtil e claramente a melhor via para apanhar na curva o grande chefe militar. Todavia, Talleyrand estava muito bem ciente que se Napoleão descobrisse os seus tratos com os americanos nos bastidores, seria o fim para ele.

Mas o grande ministro decidiu arriscar. Não seria a primeira vez, e nem a última. No fim Napoleão sempre descobria que precisava do seu grande ministro. Mas entretanto, e agora estavam firmemente os dois, um arranhar as costas do outro a saber. Finalmente, quem mais saiu a ganhar nesta cabra-cega foram os americanos, mais precisamente os dois diplomatas de Jefferson - James Monroe e Robert Livingston, os quais estavam metidos, também eles, no seu próprio circuito de ciúmes em Paris, durante o jogo diplomático com Marbois, Talleyrand, e Napoleão.

Talleyrand começou por convocar, em semi - segredo os dois diplomatas, para lhes perguntar se o que ouvira era verdade. E se era verdade, o que exactamente pretendiam, Nova Orleães apenas ou tudo o que se entendia por Louisiana, na altura. Monroe e Livingston ficaram engasgados de surpresa sem saberem que resposta dar à pergunta do ministro francês, Talleyrand deu-lhes tempo. Ao fim e ao cabo, os Americanos apanharam tudo, mais do que esperavam de Napoleão, muito devido à acção de sombra de Talleyrand, mais do que de Marbois. Foi antes uma vitória de falta de coordenação entre os Franceses : Napoleão e os seus ministros. Os dois americanos porém, jogaram os três franceses uma cartada que a nação americana sempre agradeceu e continua a lembrar. Voltaremos.

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