Links de Acesso

Monumento de Gisozi - 2004-04-02


A estrutura majestosa do Monumento de Gisozi que se levanta entre os desfiladeiros infindos das colinas nos arredores de Kigali, terá por assessórios um cemitério de largas dimensões e um grande jardim de flores, na sua frente, o local designado para as cerimónias oficiais de 7 de Abril, comemorativas do décimo aniversário do genocídio de 1994 no Rwanda.

Mais de 400 trabalhadores e artistas locais, estão febrilmente ocupados nas suas respectivas tarefas e especialidades, madeireiros, carpinteiros, pedreiros e pintores, todos atarefados em concluir os trabalhos do edifício comemorativo até a próxima quarta-feira. Apesar de ultrapassado o prazo, os organizadores afirmam que todos os artistas estão determinados a terminar a tarefa a tempo.

Depois da inauguração, o complexo que custou dois milhões e meio de dólares, tornar-se-à no monumento nacional dedicado às centenas de milhar de tutsis que foram sistematicamente massacrados durante um período de 100 dias por extremistas hutus na sua tentativa para exterminar os seus rivais da etnia minoritária, e também a dezenas de milhar de hutus moderados que recusaram participar no massacre.

A construção está a ser financiada por organizações tais como Aegis Trust, uma organização britânica que tem por fim a prevenção dos genocídios, assim como patrocínios de organizações da Bélgica, Suécia e da Fundação Clinton, do ex-presidente americano Bill Clinton.

James Smith, director da Fundação Aegis Trust, disse que a estrutura monumental destina-se a servir tanto de museu como de um local onde serão sepultados todos ou quase todos os que foram mortos em Kigali e vizinhanças naqueles dias:

“A entrada através do centro do edifício vai dar ao cemitério, onde está sepultado um quarto de um milhão de pessoas, todas vitimas do genocídio durante o período de tres meses, em 1994.No exterior do cemitério, haverá uma parede com os nomes das vítimas. Temos equipas de pessoas, na sua maioria sobreviventes, que estão a trabalhar na recolha dos nomes através de Kigali”

Os visitantes poderão ser conduzidos a determinados aposentos onde poderão ver filmes altamente emocionantes das cenas do genocídio e do seu impacto em algumas das vitimas. Haverá ainda fotos e audios, retratando varias fazes da rotina quotidiana das vitimas, tais como casamentos, o nascimento e cuidado dos bébés, ir à escolas e à universidade.

Tal como os museus do holocausto dos judeus em Berlim, Jerusalém e Washington, os organizadores esperam que o Monumento de Gisozi se torne num local importante para as pessoas se lembrarem do horrível pesadelo do genocídio.

James Smith disse esperar que o monumento de Kigali ajudasse a não perpetuar as divisões étnicas no Rwanda, apesar de monumentos como este, terem sido através da história, um factor de divisão entre o sector da sociedade que se considera vitima e a colectividade dos acusados.

Os sobreviventes do genocídio no Rwanda já criaram centenas de centros comemorativos do massacre nas suas próprias aldeias, onde conservam relíquias das vitimas, tais como as suas palhotas, crânios e ossos doutras zonas do corpo.

Jean Marie Ntagara, um sobrevivente tutsi, cujos pais e 8 irmãos e irmãs foram mortos durante o genocídio disse acreditar que essas horríveis lembranças são necessárias para que as pessoas compreendam as consequências da intolerância, ira e preconceitos:

Jean Marie Ntagara disse que quando as pessoas visitarem os monumentos comemorativos do genocídio deverão prometer muito silenciosamente a si próprias que nunca mais irão permitir que isto aconteça outra vez.

XS
SM
MD
LG