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O exército marfinense montou barricadas - 2004-03-26


O exército marfinense montou, hoje, barricadas por toda a cidade de Abidjan, parando os poucos motoristas que tentavam passar as barreiras.

Mas sem táxis, transporte público ou qualquer gasolina, a maior parte das pessoas ficou em casa, ou caminhava pela cidade, enquanto os negócios e as escolas permaneceram encerrados.

Na sede do antigo partido no poder, conhecido pela sigla PDCI, entenas de militantes levavam a cabo um protesto. Prometiam permanecer dentro das instalações até poderem prosseguir a manifestação pacífica a favor do acordo de paz, com os rebeldes do Norte. Fora das instalações, dezenas de soldados faziam guarda discretamente.

O acordo de paz continua largamente ignorado.

Um membro do partido, que prefere não revelar o nome, diz que as autoridades o tentaram subornar a abandonar as instalações e que se ofereceram para o levar para casa.

Só que ele recusou por acreditar que o estavam a puxar para uma armadilha para o matar ou prender.

No bairro pobre de Abobo, onde foram mortos dois polícias durante a tentativa de desfile de quinta-feira, as forças de segurança dispararam para o ar para dispersar os civis que ali se tinham congregado.

Os residentes dizem que durante a noite, a polícia passou busca a casas e prendeu centenas de suspeitos militantes.

Um porta-voz do exército, Aka Ngoran, disse na rádio estatal que as forças armadas não vão tolerar qualquer desobediência civil.

Segundo a televisão estatal, 25 pessoas foram mortas durante a marcha de quinta-feira, descrita por um jornalista como guerrilha urbana.

Líderes da oposição, que organizaram o desfile, acusaram as forças de segurança de matar 40 pessoas.

Os dirigentes rebeldes reagiram abandonando o governo de unidade nacional. Os rebeldes dizem que o presidente Laurent Gabgbo se está a tornar num ditador. Três outros partidos também abandonaram o governo, aderindo ao boicote do PDCI, que abandonara o executivo no princípio do mês.

Todos estes partidos acusam Gbagbo de bloquear a implementação do acordo de paz. Acordo que inclui o direito de muitos imigrantes poderem tornar-se marfinenses, podendo assim votar contra o presidente. Gbagbo diz, por seu lado, que os rebeldes têm primeiro que desarmar antes do acordo ser totalmente executado.

O partido de Gbagbo -- um dos dois agora no governo -- divulgou ontem um comunicado em que afirma que as forças de segurança tinham desbaratado o que descreveu como insurreição armada.

Mas a oposição diz que a implementação do acordo de paz é a única forma de reunificar a Costa do Marfim e que em breve vai organizar outra marcha para exigir a total implementação do tratado de paz.

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