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Dirigentes militares angolanos deslocam-se aos Estados Unidos - 2004-03-12


Destacados dirigentes militares angolanos vão deslocar-se aos Estados Unidos em breve para discutir a intensificação da cooperação militar entre os dois paises, disse o General Charles Wald, vice-comandante do Comando Europeu americano.

A delegação deverá incluir o chefe de estado maior das forças armadas angolanas, General Agostinho Nelumba “Sanjar” e segue –se a duas visitas que o General Wald efectuou a Luanda no mês passado como parte de um périplo por diversos países africanos.

A intensificação da cooperação militar entre Angola e os Estados Unidos reflecte o aumento dos esforços americanos para melhorar a capacidade das forças militares de diversos países africanos e a cooperação militar inter-africana e criar também uma série de “postos avançados de operações” que possam ser usados por forças americanas de reacção rápida em caso de necessidade.

Segundo algumas fontes os Estados Unidos e Angola teriam já chegado a acordo para usar pistas de aterragem em Angola, estando também a ser analisada a possibilidade de acordos seméelhantes serem alcançados com Moçambique e São Tomé e Principe.

Ao contrário do passado quando os Estados Unidos construiram grandes bases militares, a nova estratégia americana visa negociar apenas acesso a pistas de aterragem onde serão construidas algumas infraestrutras como depósitos de combustíveis ou um hangar.

Esses locais não terão tropas americanas mas em alguns casos poucas dezenas de soldados serão enviados para fazerem a manutenção dessas mesmas infraestruturas.

Destacadas entidades militares americanas disseram que de momento têm já acesso a “seis locais” em África que não foram contudo identificados.

Essas fontes disseram que actualmente “qualquer lugar em África que tenha uma pista de aterragem ou porto e que queira ser amigo dos Estados Unidos é um posto avancado de operações (Forward Operation Location)”.

Nos círculos militares americanos há uma crescente preocupação com possiveis actividades terroristas em África e os contactos com Angola reflectem a preocupação americana em ter aliados africanos para possiveis operações contra grupos extremistas.

Os Estados Unidos têm actualmente cerca de 1.800 soldados estacionados no Djibouti. Entidades militares americanas disseram que cerca de 200 membros de forças especiais americanas estão já a operar também em “pequenos grupos” no Mali e Mauritânia, havendo planos para alargar esse tipo de cooperação com o Chad e o Niger. Essas fontes disseram que os Estados Unidos serão também “altamente” envolvidos na cooperação contra o terrorismo na Argélia, mas não confirmaram notícias de que forças especiais americanas estariam a operar no sul da Argélia.

O General Wald disse num encontro com jornalistas que a visita dos dirigentes militares angolanos aos Estados Unidos “ servirá para nos conhecermos melhor e identificar possiveis áreas de interesse comum para o futuro, para fazermos progressos nas nossas relações em vez de estarmos a olhar para o passado”.

O general Wald disse ainda que durante a visita, Angola e os Estados Unidos vão também estudar a questão da guerra contra o terrorismo que, segundo disse, é um processo que gera enormes mal entendidos.

O general fez notar a capacidade “significativa” que Angola tem em termos de transporte aéreo de soldados e material de guerra algo que - embora seja ainda “prematuro” discutir - poderá ser o fulcro de uma cooperação futura entre as forças armadas angolanas e sul-africanas.

No mês passado Wald deslocou-se também a São Tomé e Príncipe país pelo qual os militares americanos têm manifestado crescente interesse. Desconhcem-se pormenores da vista de Wald a São Tomé.

Mas em finais do ano passado Wald já tinha visitado Sao Tome e Principe defeNdendo depois publicamente a criação de um “posto avançado de operações” no pais.

Notícias de que os militares americanos teriam planeado construir uma base no país têm sido constantemente negadas por Washington.

O mês passado foi no entanto anunciado que os Estados Unidos concordaram em financiar um estudo de viabilidade de expansão do aeroporto internacional de São Tome e Príncipe e a construção de um porto de águas profundas. O custo do estudo está avaliado em 800 mil dólares financiados pelo Departamento de Comércio americano e será feito por companhias americanas.

Entidades governamentais americanas disseram que este estudo não está relacionado com a possivel cooperação militar americana com Sao Tomé e Principe.

Analistas fazem notar que reflecte contudo a segunda razão pelo crescente envolvimento americano em Africa, particularmente na Africa Ocidental, nomeadamente a crescente importância para os Estados Unidos do petróleo dessa zona.

Segundo estudos oficiais americanos até ao ano 2014 os Estados Unidos deverão importar 25% do total das suas importações petrolíferas de África, a mesma percentagem que é actualmente importada dos países do Golfo.

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