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Terceira Conferência Mundial sobre o Clima


Mais de mil legisladores, parlamentares, cientistas e membros de governo, incluindo alguns chefes de estado, oriundos de mais de 150 países marcaram presença na Terceira Conferencia Mundial sobre o Clima, que decorre desde a ultima segunda feira, em Genebra, na Suíça.

A reunião que prolongar-se ainda para os próximos dias, contou com o patrocínio da Organização Mundial da Meteorologia e tem por finalidade sensibilizar e preparar o mundo para os efeitos das mudanças climatéricas, através da troca de experiencia e informação entre as delegações dos países presentes e funciona como uma espécie de antecâmara do que vai ser, por seu lado a Conferencia Mundial sobre as Mudanças Climatéricas, agendada para Copenhaga, Dinamarca, em Dezembro próximo.

Este será por sinal o assunto em perspectiva nesta edição do Temas e debates hoje com o Filipe Vieira.

Os cientistas prevêem um aquecimento cada vez mais acentuado, nas próximas décadas. Por conseguinte uma serie de medidas com vista a mitigação dos efeitos do aquecimento global, tem vindo a ser considerados e em alguns casos, inclusive implementados.

Mas para a Organização Mundial da Meteorologia a mitigação de tais efeitos, só por si não é suficiente. A gravidade da situação requer novas políticas e sobretudo a necessidade a adaptação a cenários vindouros.

Michael Jarraud, secretário-geral da Organização Mundial da Meteorologia é da opinião que os países deveriam apetrechar-se de instrumentos de adaptação as mudanças climatéricas.

Eles precisam estar capacitados a reagirem das situações climatéricas extremadas, nomeadamente as cheias e furacões diz aquele responsável mundial.

"Para o sector da saúde, seria o mesmo que estar-se preparado para fazer face as doenças, com tendência para se alastrarem ou para se tornarem mais seriam. Como a malária, por exemplo, que vai se alastrar para áreas onde hoje não existe."

Jarraud evoca a título de exemplo de, em determinadas partes do mundo haver a necessidade da adaptação aos climas secos, nomeadamente através da modificação das técnicas e sistemas de irrigação ou a consideração de culturas que requerem menos chuva, por conseguinte menos água.

Para este responsável o fenómeno do aquecimento global tende a aumentar de intensidade e de frequência, os fenómenos climatéricos.

Perante este cenário, aquele cientista recomenda a necessidade de uma monitorização mais apertada e partilhada de informação sobre o fenómeno da variabilidade climatérica.

Para que isso aconteça, sustenta Jarraud, as redes de observação climatéricas terão que ser aperfeiçoadas e reforçadas.

"Deixe-me dar vos um exemplo. Provavelmente uma das mais frágeis ligações a rede hidrológica em África é totalmente insuficiente. Muitas bacias hidrológicas são geridas sem nenhuma informação em termos da precipitação pluvial, a reserva de água disponível, e o potencial dos aquíferos. Portanto, necessitamos reforçar essa informação."

Encarada como um fenómeno global, o aquecimento global do planeta, vai por conseguinte requerer o engajamento de todos e uma contínua troca de informações, entre os países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento.

" Se pensar nos furacões do Caribe, que nascem como ondas, as tais ondas da África Ocidental. Portanto para melhorar a monitorização dos furacões que tem atingido a costa dos Estados Unidos, com cinco dias de antecedência, são necessárias informações sobre a África. Como vêem tudo isso está ligado. O problema da alteração climatérica é um fenómeno global."

E este é pois um dos propósitos da conferencia de Genebra, a da definição de um plano comum de acção e de partilha de informação, para melhor se gerir os riscos relacionados ao fenómeno das alterações climatéricas, a nível planetário.

Mas como se calcula…tudo isso tem os seus custos.

Perante os efeitos desastrosos da mudança climatérica a nível global, as Nações Unidas estão a apelar a fundos de vários milhões de dólares, para que alguns governos mundiais, possam fazer face ao combate do fenómeno da mudança climática e dos efeitos dos chamados gases estufas, responsáveis pelo aquecimento global do planeta.

Num relatório tornado publico no inicio da semana, a ONU apelou a 600 mil milhões de dólares destinados ao combate do fenómeno. No relatório intitulado Promover o Desenvolvimento, Salvar o Planeta, aquela organização internacional revela que serão necessários para cima de um trilhão de dólares por ano, parta se fazer face ao problema.

Noeleen Hayzer é o secretário executivo da Comissão Económica e Social da ONU para a Ásia e o Pacifico, UNESCAP e encara a mudança climatérica como o maior desafio que esta actual geração fará decerto face nos próximos tempos.

"A mudança climatérica desafia todos nos a encontramos um novo paradigma de desenvolvimento que equilibre o crescimento económico e a prosperidade a longo prazo, com progressos sociais e ecológicos sustentáveis. Se não encararmos o fenómeno da alteração climática com seriedade, um número cada vez crescente de países e suas respectivas populações serão necessariamente empurrados para pobreza. Nunca houve semelhante necessidade para um apelo a solidariedade global."

O relatório sugere entre outras medidas, a adopção, por parte das chamadas economias avançadas de passos determinantes no sentido da redução da emissão do gás carbono, na origem do efeito estufa responsável pelo aquecimento global do planeta.

Tizina Bonapace, economista e economista da Comissão Económica e Social da ONU para a Ásia e o Pacifico, UNESCAP eh da opinião que os países em vias de desenvolvimentos necessitam de ajuda financeira para o desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de gás carbono e métodos da agricultura, isto sem prejuízo as politicas de combate a pobreza.

"O desenvolvimento é um direito e deve ter continuidade, mas quem sabe as plataformas devam ser conciliados aos objectivos da redução da pobreza e da melhoria das condições de vida. Uma vida com dignidade nos países em vias de desenvolvimento pode ser conciliada aos objectivos climatéricos, através da adaptação a novas fontes de energia limpa, longe dos combustíveis fosseis. Mas tudo isso custa dinheiro."

Propostas e iniciativas a serem debatidos durante a próxima Conferencia Mundial sobre as Mudanças Climatéricas, agendada para Copenhaga, Dinamarca em Dezembro próximo.

É pois nessa conferência mundial, que a União Africana considera apresentar uma proposta de indemnização calculada em cerca de 67 mil milhões de dólares por ano, isto ate 2020, pelos estragos ambientais causados pelos países desenvolvidos ao planeta cujos reflexos são hoje sintomáticos em África.

A decisão foi assumida recentemente por um grupo de chefes de estado de países membros daquela organização continental que esteve reunido para precisamente estipular o montante que a África em particular deveria exigir, em termos compensatórios.

Mas alguns diplomatas presentes na reunião disseram a VOA, que o montante proposto deveria ser bem mais alto, atendendo os estragos ambientais a que o continente faz face, com responsabilidades acrescidas das chamadas economias desenvolvidas.

Na cerimónia da abertura da reunião que teve lugar na capital etíope, Addis Abeba, o comissário da União Africana, para a economia rural e agricultura, Rhoda Peace Tumusime descreveu a África, como um das principais vítimas do aquecimento global.

"O mecanismo global de emissão de carbono, que se espera venha a sair das negociações internacionais sobre as alterações climáticas deve dar a África uma oportunidade para exigir e ter direito a compensações pelos danos causados a sua economia pelo fenómeno do aquecimento global. Apesar de contribuir virtualmente para o aquecimento global do planeta, África não deixa entretanto de ser uma das vítimas das consequências de tal fenómeno global."

A proposta que tem estado a ser considerado pelos responsáveis africanos defende ainda que os chamados países poluidores, deveriam reduzir a emissão de gases provocadores do efeito estufa para níveis abaixo dos 40 por cento nos próximos dez anos, e esse mesmo nível, acima dos 95 por cento, ate o ano 2050.

E foi mais um Temas e Debate sobre o fenómeno da alteração climatérica esteve aqui hoje em perspectiva, regressamos para a semana, com mais uma proposta temática.

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