O presidente interino hondurenho rejeitou o ultimato de vários governos americanos para o regresso ao poder do derrubado Presidente Manuel Zelaya.
O Presidente interino das Honduras, Roberto Micheletti, enfrenta novas pressões estrangeiras para permitir o regresso a presidência do titular deposto, Manuel Zelaya, forçado a abandonar o país na madrugada do domingo.
Os Estados Unidos, as Nações Unidas, assim como muitos países latino-americanos, recusam reconhecer o novo governo que assumiu o controlo em Tegucigalpa, de José Manuel Zelaya, acusado de várias ofensas de carácter criminal. A OEA, Organização dos Estados Americanos, foram mais longe, dando um ultimato de 72 horas as novas autoridades das Honduras para reinstituírem Zelaya no seu posto, ou enfrentar a suspensão como membro daquele organismo regional.
Em Tegucigalpa, o novo presidente golpista, Roberto Micheletti, afirmou que o seu governo não se vai vergar a pressões estrangeiras, e que ele próprio não está surpreendido pela esmagadora reacção negativa por parte dos governos estrangeiros.
Adiantou Micheletti que o isolamento que os responsáveis do novo governo começaram a entrar em contacto com Washington e outros parceiros estrangeiros revelando aos mesmos os pormenores acerca dos motivos que conduziram ao afastamento de Zelaya do poder.
Disse que as autoridades hondurenhas anunciaram uma investigação a respeito do golpe militar que derrubou Manuel Zelaya, acusado de 18 ofensas graves, entre as quais, traição e abuso de poder.
Todavia, as pressões continuam a intensificar-se sobre o novo governo, tendo a Espanha e a Franca convocado os seus embaixadores das Honduras para consultas, enquanto, por outro lado, em Washington, o Departamento de Estado afirma que vai suspender todas as actividades militares com Tegucigalpa a fim de avaliar a situação.
Forcas militares americanas estão empenhadas em operações de luta anti-droga na Base Aérea de Soto Cano, nos arredores da capital hondurenha.
Entretanto, o presidente da Comissão das Honduras para os Direitos Humanos, apresentou uma proposta destinada a abrandar a crise política entre o governo interino e os seus aliados estrangeiros. Ramon Custodio disse que as autoridades eleitorais devem considerar a eventualidade de um referendo relativamente ao regresso ou não do líder deposto, ao poder.
O anúncio assinala uma mudança de posição por parte do líder hondurenho dos direitos humanos que tinha anteriormente defendido que as autoridades actuaram segundo as normas da lei quando afastaram o Presidente Zelaya do poder, e que o novo governo usufruía de uma autoridade completa. Ramon Custodio adiantou ter recebido várias ameaças pelas suas posições, mas que não seria intimidado.
Apoiantes do governo interino levaram a cabo grandes manifestações na cidade sulista de Choluteca, e outras de menor escala na capital. Por sua vez, alguns trabalhadores dos serviços de saúde e funcionários escolares abandonaram os seus escritórios, quando lideres sindicais convocaram uma greve geral até que Zelaya seja restituído no poder. Muitos estabelecimentos de ensino estão encerrados nas Honduras desde o golpe militar, mas na capital vários departamentos de negócios estão abertos.