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UA - Promover Conceitos e Personalidades


O líder líbio, Moammar Gadhafi, vai presidir a cimeira semi anual da Unidade Africana, na vila ribeirinha de Sirte. Espera-se que na agenda figurem a Somalia e o indiciamento do Presidente sudanês, Omar al-Bashir, por crimes de guerra, assim como o sonho de Gadhafi para a criação de Estados Unidos da África.

A décima terceira cimeira da UA e eventos a margem da reunião, serão provavelmente os menos concorridos de sempre na história das cimeiras da União Africana. Mas, poderá ser exactamente isso o que o anfitrião da reunião, Moammar Gadhafi deseja que aconteça nas suas tentativas para promover conceitos e personalidades não muito familiarizados com os seus colegas chefes de estado africanos.

Na última cimeira, em Janeiro passado, quando Moammar Gadhafi assumiu a liderança rotativa por um ano da UA, apenas 20 dos 52 chefes de estado africanos esteve presente.

Notícias diziam que muitos outros chefes de estado se teriam ausentado do convénio de forma a protestarem contra o facto de Gadhafi, um dos ditadores africanos de longa data no poder, ter sido escolhido para chefiar uma organização que tenta sublinhar as suas credenciais democracias, tendo em conta que os três últimos líderes do grupo tinham sido eleitos nos seus respectivos países.

Nesta cimeira, notar-se-á não apenas a escassez da presença de chefes de estado, mas ainda a falta de instalações adequadas no local da reunião, e ainda a dificuldade registada de se obterem vistos para jornalistas, observadores diplomáticos e grupos não-governamentais, desta forma afastados do evento.

A agricultura e segurança constituem o tema principal da reunião. Mas o Director do Centro para a Participação dos Cidadãos da União Africana, Yesmirach Kebede, disse que estes foram excluídos devido a problemas ligados a obtenção de vistos e instalações insuficientes na localidade onde vai decorrer a reunião magna do grupo africano.

As sessões a porta fechada irão debater varias questões contenciosas e de difícil solução, tais como a crise de segurança na Somália que desafia solução. Esperam-se ainda na conferência confrontações entre a agenda de Moammar Gadhafi, de linha dura, e as opções mais abertas, doutros líderes, da Tanzânia, Botswana, Quénia, Ghana e Etiópia, por exemplo.

A analista Delphine Lecoutre, especialista em questões da União Africana, disse que o anfitrião propõe a criação de um Conselho Africano como mais uma medida tendente a consolidar o seu sonho de um continente unificado sob a mesma bandeira:

"A proposta liga-se ao projecto de Gadhafi relativamente ao conceito de Estados Unidos da África …um estado único para todo o Continente. Muito provavelmente… os estados-membros lhe vão dizer, diplomaticamente, que se trata de uma ideia muito boa…mas que não tem fundamento nas realidades africanas actuais …tendo ainda em conta que não existe qualquer definição que nos diga o que se entende por Conselho de Defesa do Continente Africano."

Outra questão que o líder líbio propõe que seja debatida, ainda a porta fechada, é a oposição unânime a decisão do Supremo Tribunal Criminal Internacional contra o presidente sudanês, Omar al_Bashir. A última cimeira de Janeiro passado apelou aos 30 estados – africanos para abanarem aquela instância judicial internacional, uma discussão que terminou em desacordo entre a maioria dos estados presentes.

A analista Delphine disse que Gadhafi está a tentar angariar mais comparando a intimação do supremo tribunal criminal e os abusos de determinados organismos similares europeus:

" Alguns estados manifestaram o desejo de recordar duas questões…sobretudo o Sudão… devido aos abusos de jurisdição ali ocorridos…que os estados africanos reconhecem …e também o papel politico primordial que o Sudão desempenha…desejando, por isso, o alinhamento do maior numero possível de estados membros sobre a questão."

Alem disso, espera-se ainda a presença na cimeira dos Presidentes iraniano, Ahmadinejad, do brasileiro Luís Inácio Lula da Silva e o Primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.

A delegação americana será chefiada constituída pelo Subsecretario de Estado Assistente Assuntos Africanos, Johnnie Carson.

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