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Líbano: Eleições Abrem Perspectivas de Compromisso


No Líbano, a coligação pró-ocidental “ 14 de Março” venceu as recentes eleições legislativas, e, segundo muitos analistas políticos tal poderia dar um novo ímpeto às iniciativas de paz americanas na região e constituir um revés para o movimento Hezbolá apoiado pelo Irão.

Apesar das sondagens pré-eleitorais preverem que o Hezbolá iria conseguir aumentar a sua presença no Parlamento libanês, o facto é que os eleitores libaneses deram aquela coligação pró-ocidental uma significativa maioria. Aquela coligação detém agora 71 dos 128 lugares da legislatura.

O presidente americano Barack Obama felicitou o Líbano pela realização de eleições pacíficas afirmando esperar que o próximo governo continue na via da construção de um Líbano soberano, independente e estável. O porta-voz do Departamento de Estado Ian Kelly considerou estas eleições como um passo essencial para o Líbano conseguir uma verdadeira independência.“ Com o fim da votação, disse o porta-voz, começa agora o processo de formação de um novo governo. Trata-se de um processo que os libaneses devem levar a cabo respeitando os resultados eleitorais e sem ingerência externas.”


O Líbano tem sido palco de conflitos opondo interesses regionais e globais e estas eleições estavam a ser seguidas de perto através do Médio Oriente e não só. O escrutínio realizou-se poucos dias depois do discurso do presidente Obama no Cairo defendendo uma aproximação ao mundo islâmico. O resultado constitui uma significativa derrota para o Hezbolá e para os seus aliados no Irão e na Síria.

Uma aliança liderada por Saad Hariri, um multi-milionário filho de um antigo primeiro-ministro entretanto assassinado, deverá formar o novo governo libanês.

Graeme Bannerman, professor no Middle East Institute, afirmou-nos que Hariri tem pela frente um difícil dilema.


“ Acho que Hariri, disse aquele analista, se depara com um sério problema. Os seus apoiantes acham que conseguiram uma vitória e que portanto não precisam de chegar a um compromisso com o Hezbolá. Hariri está portanto numa posição em que terá que desapontar o Hezbolá ou então os seus próprios apoiantes. Trata-se de uma posição difícil.”


O Hezbolá, que os Estados Unidos consideram como uma organização terrorista, dispõe da principal força militar no Líbano controlando uma milícia maior que o exército nacional. Depois de um levantamento armado do Hezbolá em 2008 um acordo de compromisso deu ao movimento direito de veto no gabinete.

Hariri deu a entender que convidará o Hezbolá para formar um governo de unidade nacional, mas não dará à organização assentos suficientes para ter o direito de veto no novo executivo.

Contudo apesar da eleição da coligação ser considerada uma vitória para o ocidente e para alguns estados árabes, o analista Graeme Bannerman adverte contra quaisquer tentativas para influenciar a política interna libanesa. Bannerman afirma por outro lado que deve ser alcançado um consenso político para evitar conflitos armados e a possibilidade de uma guerra civil.

“A melhor coisa que podia acontecer, disse ele, para os Estados Unidos e para o ocidente é que o Líbano chegue a um consenso, que seja pacifico e não uma fonte de instabilidade na região.”

Quanto ao analista Bilal Saab da organização Brookings Institution afirma que apesar dos países ocidentais estarem contentes com os resultados eleitorais, não se verificou uma alteração profunda no Parlamento libanês onde o poder se encontra dividido ao longo de linhas sectárias.

“ A leitura mais realista e equilibrada destas eleições, disse Saab, é a de que ainda temos o antigo sistema de equilíbrio do poder comunitário. Estamos no inicio de uma nova era politica cheia de promessas de reconciliação e há bastante margem para compromissos, mas, as questões principais não foram resolvidas.”

Na sequência das eleições verificaram-se entretanto indícios encorajadores de que a tensão entre o Hezbolá e o sector pro-ocidental poderá estar a diminuir. O líder do Hezbolá, Hassan Nasrallah afirmou que reconhecia os resultados oferecendo-se para cooperar com os vencedores.

Entretanto em Washington entidades oficiais deram a entender que os Estados Unidos poderiam reconsiderar a sua posição acerca do Hezbolá se o grupo renunciasse às armas e se transformasse num partido politico normal.

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