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Guiné-Bissau: Reformar o Sector Militar é “Essencial”


Diplomatas regionais afirmam que a reforma do sector de segurança da Guiné-Bissau é fundamental para a estabilização do país no momento em que se prepara para as eleições destinadas a substituir o presidente Nino Vieira assassinado há dois meses atrás.

Tentando pôr cobro a uma longa história de golpes e contra-golpes naquele país, o Grupo de Contacto Internacional para a Guiné-Bissau apelou para introdução de amplas reformas nos sectores da defesa e da segurança no país.

Representantes de 28 países reuniram-se em Cabo Verde recentemente para debater essas reformas. O grupo incluía os países da Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Ocidental, a CEDEAO, as Nações Unidas, a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa e membros do governo guineense.

O Grupo de Contacto prevê a criação de fundos de pensões militares para encorajar os militares a reformarem-se logo que possam fazê-lo. Prevê por outro lado a recuperação das casernas e o recenseamento das forças armadas de modo a apurar-se exactamente o número de soldados na Guiné-Bissau. Tal permitirá que o novo governo possa desmobilizar os actuais soldados e recrutar novos elementos que representem as etnias nacionais de um modo mais equilibrado num exército desde há muito dominado pelos Balantas.

O Grupo de Contacto apela também para a criação de uma academia para treinar forças de segurança civis na protecção das instituições democráticas e dos seus dirigentes. A ameaça da violência politica e a proliferação de armas de pequeno porte na Guiné-Bissau é de particular preocupação tendo em vista as eleições de Junho próximo tal como afirmam vários epscialistas.

" No momento que estamos a atravessar, especialmente tendo em conta as próximas eleições, é garantido que a questão das armas de pequeno porte voltará à tona", disse Takwa Sulfon director do programa da África Ocidental para a Construção da Paz e supervisiona o fluxo dessas armas para a Guiné-Bissau.

" Quando as pessoas se preparam para votar e temem que alguém possa atingi-las a tiro se não fizerem isto ou aquilo, então o processo corre o risco de ser minado" acrescentou

Por outro lado, a Guiné-Bissau transformou-se numa placa giratória do tráfico de drogas sul-americanas com destino à Europa. Para fazer frente a essa ameaça, o Grupo de Contacto pretende um maior controlo interno de modo a impedir a cumplicidade dos militares no tráfico de drogas.

Apelou também a uma perspectiva regional para acabar com o tráfico assim como ao apoio internacional para garantir os pagamentos dos agentes de segurança a tempo e horas. Sulfon afirma que há uma forte correlação entre a reforma do sector de segurança, o crime organizado e traficantes de drogas que disseminam as armas de pequeno porte.

" Quando um sistema entra em colapso depois de vários anos de conflitos, há a tendência para as pessoas defenderem os seus próprios interesses. Há também a tendência dos traficantes de tirarem partido dos sistemas falhados", disse

Sem a reforma do sector da segurança, Sulfon afirma ainda que a instabilidade na Guiná-Bissau pode alastrar à vizinha Guiné-Conacri onde se verificou um golpe militar em Dezembro passado e também ao Senegal onde persiste a longa rebelião na zona froteiriça de Casamance.

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