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Timor-Leste: Liquiça Foi Há 10 anos


Passam já dez anos sobre um dos piores massacres em Timor-Leste, quando cerca de uma centena de pessoas foram mortas por milícias pró-indonesia numa igreja. As famílias das vítimas estão ainda hoje chocadas por tão poucos responsáveis terem sido levados perante a justiça pelos crimes de 1999.

As mortes na cidade costeira de Liquiça ocorreram cinco meses antes de Timor Leste ter votado pela sua independência, e secessão da Indonésia.

A campanha contra a independência foi impiedosa, cruel. Milícias apoiadas pelos militares indonésios tentavam forçar os leste-timorenses a votarem por continuar sob domínio indonésio.

Este período sangrento na história de Timor Leste atingiu o seu auge em Liquiça, na zona norte do país.

Soldados e milícias queimaram e pilharam casas neste distrito, e cerca de 2 mil apoiantes da independência tiveram que se refugiar numa igreja católica. Ali foram selvaticamente atacados por grupos munidos de machetes.

Um relatório policial apenas faria menção a 5 mortes, mas testemunhas oculares afirmaram que o número de mortes se situaria entre 30 a 100.

Apenas uma pessoa – um antigo miliciano – está na prisão por ter tomado parte no ataque de há uma década. Os outros viram as suas penas retiradas.

Cristina Carrascalão, cujo irmão morreu nesta onda de violência que antecedeu a votação pela independência de Timor Leste, diz que as mortes em Liquiça deixaram as pessoas constantemente receosas pelas suas vidas.

"Tínhamos que aprender a viver com o medo, com a pressão – aprender a viver com o terror. Sabíamos que havia muitas mortes a ocorrerem, muitas casas que estavam a ser queimadas. As pessoas estavam a ser torturadas."

No ano passado, a Indonésia expressou arrependimento pela violência que se registou em 1999, em Timor Leste. Mas o presidente Susilo Bambang Yudhoyono rejeitou os pedidos para que os culpados fossem presentes a um tribunal internacional.

Juntamente com os dirigentes timorenses, o presidente indonésio argumentava que os crimes do passado deveriam ser perdoados em nome do futuro.

Timor Leste tornou-se independente em Maio de 2002, mas a sua situação política permanece instável, com fricções entre grupos regionais, e uma elevada taxa de desemprego. Timor Leste é uma das nações mais pobres da Ásia.

Em 2006, uma onda de violência entre soldados descontentes e forças leais ao governo levou as Nações Unidas a criar uma força de manutenção de paz, composta por soldados da Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal.

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