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Gana Elogiado, Zimbabué Condenado nos Jornais Americanos


Dois países, duas histórias diferentes. As eleições no Gana e a situação no Zimbabwe mereceram na semana passada diferentes análises nos jornais americanos.

A vitória do candidato da oposição John Atta Mills nas eleições do Gana foi alvo de atenção merecendo elogios como "um símbolo da democracia em África". Essa foi a descrição do Christian Science Monitor que disse que as eleições nesse país, na costa ocidental de África, foram um bom exemplo no que foi "um ano miserável para a democracia em África".

O Washington Post aliás escolheu mesmo escrever um editorial sobre as eleições no Gana em que depois de referir os desastres eleitorais no Quénia e Zimbabué afirma que as eleições no Gana foram um sinal que "a democracia em África não morreu".

"Para o resto do continente, incluindo para o seu gigante e perpetuamente instável vizinho que é a Nigéria, o Gana é uma demonstração de que a maturidade política compensa" disse o jornal fazendo notar que "o crescimento médio anual do Gana de 5,6 por cento nos últimos seis anos tem sido um dos mais altos de África e o país transformou-se num dos favoritos dos investidores estrangeiros e também dos doadores".

O Post alertou contudo para os "grandes desafios' a que o novo presidente John Atta Mills faz face incluindo o crescente tráfico de drogas através do país e a corrupção causada por essa actividade. O editorial afirmava em sub titulo: "Como uma nação Africana fez a democracia funcionar".

Zimbabwe condenado

Se as eleições no Gana foram saudadas nos jornais americanos já a situação no Zimbabué continuou a merecer condenação, não só do governo do presidente de Robert Mugabe mas também dos países africanos vizinhos que se recusam a endurecer a sua posição para com o governo de Robert Mugabe.

Chris Beyrer do Centro de Saúde pública e Frank Donaghue da faculdade de saúde pública da universidade de Johns Hopkins estiveram no Zimbabué para ajudar a combater a recente epidemia de cólera e num artigo de opinião publicado no Washington Post afirmam que na sua visita constaram algo de muito mais perturbador que a cólera: "Um povo a fazer face a uma vasta gama de ameaças de saúde num país onde as funções mais básicas de saúde desmoronaram-se".

"O regime de Mugabe destruiu o sistema de saúde tal como devastou todos os outros sectores da vida pública com a sua mistura devastadora de corrupção, incompetência, violência e violações de direitos humanos" escreveram aqueles especialistas que recordaram que "o Zimbabué foi em tempos não só próspero e um dos principais exportadores agrícolas mas também um líder em termos de saúde pública e em termos de educação médica e enfermagem".

Chris Byerer e Frank Donaghue saudaram a ajuda humanitária que está a ser dada ao Zimbabwe por organizações internacionais mas escrevem que "as agonias" do Zimbabwe não são um problema humanitário mas sim "o resultado de um crime político" afirmando que o próximo presidente dos Estados Unidos Barack Obama "não pode ignorer a devastação causada no Zimbabué pelos seus próprios governantes".

Se como as Nações Unidas prometeram existe o "direito a proteger", o mundo tem essa responsabilidade para com Zimbabué, acrescentaram.

Esse tema aliás foi também abordado por Alexander Noyes do influente Conselho de Relações Externas que num artigo de opinião publicado no Boston Globe fez notar que face a essa promessa da ONU, aprovada pelo conselho de segurança então é responsabilidade da comunidade internacional fazê-lo.

Para Noyes as mediação d o ex presidente sul-africano Thabo Mbeki falhou pelo que são precisos "novos parâmetros negociais".

"Com a promessa de imunidade acompanhada de ameaças credíveis de medidas sérias por parte do Conselho de Segurança Mugabe e os seus comparsas podem ser convencidos a abandonar o poder pacificamente" escreveu o analistas acrescentando que se os actuais dirigentes do Zimbabué "se recusarem a abandonar o poder a força coerciva deve ser seriamente tomada em consideração".

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