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"Aguentas" Causam Mal-estar


Observadores atentos ao evoluir da crise político-militar na Guine Bissau , são unânimes em reconhecer, na origem do mal estar interno nas Forcas Armadas guineenses, o alegado novo dispositivo de segurança e de protecção do presidente Nino Vieira, confiado a uma milícia, conhecida pelo nome de "Aguentas".

O novo corpo da guarda presidencial guineense, esta a partida dotado de um efectivo militar , de acordo com estimativas credíveis, a rondar os 400 homens fortemente armados e alojados em instalações da presidência da republica, nos arredores da capital Bissau.

Com a missão estrita de proteger o presidente João Bernardo Nino Vieira, os chamados " Aguentas" terão sido reintegrados no rescaldo da tentativa de assassinato do presidente Nino Vieira, do passado dia 23 de Novembro de 2008, supostamente à revelia das chefias das estruturas castrenses guineenses.

Uma operação cuja responsabilidade foi assumida pelo actual ministro da administração interna, Cipriano Cassama, que terá contado para o efeito com o aval do próprio chefe de estado guineense, figura relativamente à qual, Cassama é tido como próximo.

Diga-se uma acção que não terá caído no agrado das chefias militares que a encararam como um sinal do clima de quebra confiança nos militares, por parte do presidente guineense.

Aliàs nos dias que se seguiram a tentativa de assassinato de que fora alvo a 23 de Novembro ultimo, Nino Vieira deixou bem patente nas suas primeiras declarações a propósito, o sentimento de suspeição e de desconfiança face a alegada inépcia demonstrada pela sua então guarda presidencial e pelos próprios comandos militares na reacção ao tiroteio que teve por cenário, a sua residência na capital Bissau.

Fonte militar contactada pela Voz da América confirmou o mal estar interno que a decisão do presidente de se rodear de uma milícia privada de protecção pessoal, tem estado a gerar no seio das chefias das Forcas Armadas nacionais.

Recorde-se que a defesa e a protecção do presidente guineense era assegurada inicialmente por um corpo de fuzileiros, de que fazia parte o alegado cabecilha do ataque a sua residência, o sargento Ntchami Yala e mais tarde por uma força disponibilizada pelo estado maior das Forcas Armadas guineenses.

Perante o clima de evidente quebra de confiança, a mesma fonte que solicitou anonimato, revelou ainda que o chefe de estado maior das FAA guineenses, o general Tagma Na Way teria inclusive considerado junto de círculos militares próximos, a possibilidade de vir a ordenar o desarmamento compulsivo dos " Aguentas".

De realçar entretanto que os "Aguentas" não constituem uma forca normal ou discreta, dispõem de armamento pesado e no exercício da tarefa de protecção do presidente praticam actos para os quais não têm à partida competência legal, nomeadamente o de vedar o acesso a vias públicas.

Formada como corpo armado em pleno conflito de 1998, para assegurar a defesa do reduto a que Nino Vieira se tinha confinado em Bissau, depois do levantamento militar encabeçado pelo já finado brigadeiro Ansumane Mane , na altura com efectivo calculado em 1800 homens, na sua maioria da etnia Papel, o mesmo grupo étnico a que pertence o presidente, os "Aguentas" são igualmente conhecidos pela obediência e lealdade a Nino Vieira.

Desmantelados em 1999,na sequencia do derrube de Nino Vieira do poder, pelos militares amotinados da Junta Militar, muitos dos jovens que então integravam aquela forca de protecção presidencial acabariam na sequencia do clima de tensão militar então gerado, condenados ao exílio forcado, nomeadamente na vizinha Guine Conacri.

No pais vizinho, os " Aguentas" seriam em várias ocasiões, referenciados como integrantes da guarda presidencial do recém falecido presidente Conacri-guineense, Lansana Conte, facto que se chegou a confundir com um suposto envolvimento militar de Bissau, na repressão as manifestações de protesto promovidas pelos sindicatos do pais vizinho e que se saldariam em pelo menos 45 mortes.

Alias face a essas denuncias, as chefias militares de Bissau, viriam a público em Janeiro de 2007 , denunciar através do porta voz do estado maior das Forcas Armadas, o que na altura rotularam "de rumores e especulações destinadas a semear a confusão e a instabilidade na Guine Bissau."


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