Links de Acesso

Leste do Congo: Rebeldes Recuam


No leste da República Democrática do Congo, os rebeldes anunciaram terem recuado as suas forças das linhas da frente perto de Kanya Bayonga, localidade situada a norte da capital provincial, Goma, para permitir que os "capacetes azuis" da ONU patrulhem a área.

Os rebeldes do Congresso Nacional para a Defesa do Povo, de Laurent Nkunda, tinham avançado até 20 quilómetros de Kanya Bayonga, que fica a 90 quilómetros a norte de Goma. Nkunda disse que as suas forças suspenderam a ofensiva para permitir que a força de manutenção da paz das Nações Unidas, conhecida pela sigla francesa MONUC, entre na área.

A França introduziu uma resolução no Conselho de Segurança para serem enviados mais três mil "capacetes azuis" para o Congo Democrático, uma medida que se espera venha a ser aprovada no final desta semana. Dos actuais 17 mil "capacetes azuis" no Congo Democrático, cerca de 5 mil encontram-se na província do Kivu do Norte, local dos recentes confrontos.

Tropas governamentais congolesas em retirada de Kanya Bayonga confrontaram-se com a milícia Mai Mai, geralmente vista como uma aliada do governo. A milícia disse que estava a preparar uma emboscada aos rebeldes de Nkunda quando apareceram as tropas governamentais. A milícia acrescentou também que soldados governamentais estavam a pilhar aldeias.

Respondendo à falta de sucesso do exército congolês na luta com as forcas de Nkunda, assim como a acusações de crimes contra civis, o presidente congolês Joseph Kabila demitiu o chefe do exercito, Dieudonne Kayembe, substituindo-o pelo general Didier Etumba.

Entretanto, enviados internacionais continuam à procura de um cessar-fogo duradouro.

O presidente do Instituto sobre Política de África, Peter Kagwanja, afirmou haver necessidade de uma pressão internacional de alto nível sobre as partes para negociarem, incluindo a ameaça de sanções. Mas acrescentou que a diplomacia africana tem até agora sido dificultada pelas divisões entre países.

"Os países africanos parecem estar cada vez mais divididos sobre a questão do Congo, uma espécie da repetição do confronto de 1998 a 2003 entre várias forças africanas no território congolês. Fala-se agora que Angola está a apoiar o governo de Joseph Kabila. Por outro lado, o Ruanda é acusado de apoiar Laurent Nkunda e penso que o Uganda poderá lançar o seu peso por detrás de algumas dessas forças, mas ainda não fez isso. Paralelamente a várias intervenções diplomáticas de líderes africanos, existe também a necessidade de colocar ordem na casa africana."

Laurent Nkunda apelou por negociações directas com o governo de Kinshasa. O governo rejeitou o pedido insistindo que qualquer discussão deve envolver todos os grupos armados que operam no leste do país.

Kagwanja é de opinião que a comunidade internacional deve apoiar conversações directas.

"Achei uma situação muito caricata quando vários governos se encontraram em Nairobi e Nkunda não apareceu ao encontro, conforme estava previsto. Conversações com Nkunda são essenciais. Garantirá que deixa de ser visto como um protegido do Ruanda, podendo apresentar as suas razoes de queixa. Penso que e isso que ele quer."

Os objectivos de Nkunda continuam pouco claros. Afirma que está a proteger o grupo étnico tutsi no leste do Congo de ataques de milícias hutus, que diz estarem a cooperar com o governo de Kinshasa. Nkunda levantou também preocupações sobre os crescentes laços económicos entre o Congo e a China.

Calcula-se que cerca de 250 mil pessoas tenham sido deslocadas desde que o recomeço dos confrontos armados em Agosto, acrescentando às centenas de milhares de deslocados que já existiam na região devido a anteriores confrontos.

XS
SM
MD
LG