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Angola: Iminente Greve Portuária no Lobito


Benguela, 27 de Outubro de 2008 - Os trabalhadores do Porto do Lobito ameaçam entrar em greve nos próximos dias caso a entidade patronal não satisfaça as exigências que constam do caderno reivindicativo apresentado a 3 de Outubro do corrente ano.

Em entrevista à Voz da América, Alfredo Manuel Sá, secretário-geral do Sindicato dos Transportes e Comunicações na província de Benguela, disse que o caderno é composto por 20 pontos , tendo como principal exigência o aumento do salário mínimo de cerca de 18 para 60 mil Kwanzas.

Segundo o sindicalista os trabalhadores alegam falta de transparência em relação aos subsídios exorbitantes que abrangem supostamente um número restrito de membros da direcção da empresa e questionam o destino dado às verbas dos funcionários que chegam a atingir 80 horas extraordinárias e não são pagas na totalidade.

Os funcionários julgam que tem havido um esbanjamento desnecessário dos fundos da empresa com a oferta anual de viaturas e motorizadas a certos empregados e com realização de grandes festas , exigindo que este dinheiro seja revertido a favor do aumento salarial para a melhoria das condições de vida dos mais de 2 mil funcionários afectos ao Porto do Lobito.

«Os trabalhadores dizem que há subsídios exorbitantes e, portanto, a receita que eles produzem por exemplo nas horas extras, os trabalhadores fazem mais horas extras do que o regulamentado por lei. Há trabalhadores que fazem 80 horas extraordinárias e essas horas não são pagas na totalidade o que significa dizer que, o remanescente fica com a empresa.” E o sindicalista prossegue: “Os trabalhadores alegam que, ao invés da empresa dar viaturas, motorizadas e dar por, exemplo, festas de grande vulto, que (o dinheiro) destes gastos revertessem a favor dos salários, isso minimizava (o que lhes é devido). Porque eles não vêem as ofertas como uma coisa fixa na medida em que, a oferta é uma coisa que passa, o salário é uma coisa que se vai reflectir na sua reforma.»

Alfredo Manuel acrescentou que o processo de negociação entre a entidade patronal e a comissão negociadora deverá prosseguir, mostrando-se optimista em relação ao seu desfecho. Para este líder sindical, uma eventual greve poderá afectar consideravelmente a economia nacional e o processo de reconstrução nacional.

Esta é a segunda vez desde 1992 que os funcionários do Porto Comercial do Lobito apresentam um caderno reivindicativo.

Apoiados pela UNIITA , em 1992, mais de 2 mil funcionários haviam abandonado a empresa, naquilo que foi considerada de paralisação anárquica .

« Por livre vontade e auto-recriação abandonaram e preferiram ficar a exercer a actividade política , portanto o apelo foi dado na imprensa por escrito. O sindicato ajudou individualmente, nós falamos com os trabalhadores, mas a vontade de não trabalhar era tanta por parte destes trabalhadores. Claro houve promessas, sei lá de quem, de vida melhor não trabalhando naquele momento, prejudicando o Porto para depois melhorarem não sei como? Foi levantado depois (contra os trabalhadores) o acto de abandono. »

Por ocasião da campanha eleitoral de Setembro de 2008, o Governo anunciou o reenquadramento destes funcionários, uma situação que foi usada pelo partido da situação como seu trunfo de campanha.

Questionado sobre o andamento deste processo, Manuel Alfredo Sá diz desconhecer uma vez que o sindicato nunca foi tido nem achado apesar de representar os trabalhadores. (Visão Angola)

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