A questão para o Primeiro Ministro designado, Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) é a capacidade de poder formar um novo governo e levar com urgência a ajuda de que o povo zimbabueiano tanto necessita.
Tsvangirai assinou com Robert Mugabe o acordo de partilha de poder, no mês passado. O acordo ficou bloqueado pelo impasse criado no fim da semana, quando Mugabe atribuiu todos os ministérios chave ao seu próprio Partido, ZANU-PF, que é agora oposição no Parlamento, no rescaldo da vitória do MPD nas eleições de Março passado.
O líder do MDC tornou claro que está profundamente preocupado pelo súbito e dramático agravamento da situação da fome, à escala nacional, com particular incidência ao sul do país.
Vários legisladores da região sulista, que se encontram em Harare, a assistir às reuniões do Parlamento, afirmam que crianças com menos de cinco anos de idade, estão a morrer nas zonas rurais. Um dos legisladores disse mesmo acreditar ser esta a pior crise de insegurança alimentar que jamais atingira a Província da Matabelelândia do Norte.
O Senador David Coltart declarou ontem, quarta-feira, em Harare ter visto pessoas a cair de fome à sua frente, em Bulawayo.
As agências alimentares internacionais ainda não começaram a distribuir assistência alimentar de emergência em quantidades significativas, em muitas zonas ameaçadas pela fome, por aquelas terem sido expulsas, por mandato do governo, em Junho último, das áreas que agora necessitam da ajuda de emergência.
Tsvangirai afirma ver-se, por isso, pressionado a encontrar formas de saída do impasse. A disputa sobre a distribuição ministerial diz respeito sobretudo aos Ministérios das Finanças e do Interior. A pasta das Finanças iria conferir a Tsvangirai e ao seu grupo a possibilidade de controlar as tarefas da reconstrução social do país, enquanto o Ministério do Interior, iria conferir, o controlo da policia.
Vários agentes da policia formavam nos últimos dias filas intermináveis em Harare, atingidos também eles que estão pela fome devido aos salários insuficientes que auferem do governo sob o controlo de Mugabe.
Muitos zimbabueianos afirmam-se ansiosos por quaisquer mudanças, que possam trazer ao país alguma respeitabilidade internacional, apesar de Mugabe se encontrar ainda no poder.
De momento, porém, não parece haver quaisquer novas alternativas nos esforços tendentes a formar um governo de unidade nacional no Zimbabwe.
