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Envolvimento de Bissau no Tráfico de Armas


Valendo-se de documentos oficiais, a imprensa da Costa do Marfim tem vindo a denunciar situações de alegadas violações ao embargo de armas decretado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

No centro da controvérsia surgem as forças do presidente Laurent Gbagbo e a Guiné-Bissau, país que é acusado de ter servido, num passado recente e em ocasiões distintas, de rota encoberta do alegado comércio ilícito de armas e munições.

Não sendo, de todo, uma revelação inédita, o caso ganhou, entretanto, nas últimas semanas, um certo realce, com alguns jornais e sites electrónicos marfinenses a destacarem o facto da Guiné Bissau e da Guiné Conackri de terem servido de países de transito de carregamentos de armas e munições destinados às forças governamentais daquele país sob um embargo internacional de armas, decretado em 2004, pelo Conselho de Segurança da ONU .

O site electrónico "Abidjan.net", tido como próximo da oposição na Costa do Marfim, revela inclusive ter a desmistificação este caso ter estado na origem do misterioso desaparecimento do jornalista franco-canadiano, Guy Andre Kieffer.

Guy Kieffer foi dado como desaparecido, em Janeiro de 2005, quando investigava uma alegada ligação entre o negócio do café e do cacau marfinense ao influxo ilícito de armas para a Costa do Marfim.

Ainda de acordo com a imprensa marfinense, o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, ter-se-ia aproveitado dos laços de amizade que o une aos presidentes da Guiné Conackri e à Guiné Bissau , respectivamente, Lassana Conte e Nino Vieira para contornar o embargo internacional e do facto do orçamento deste último país, depender sobremaneira da ajuda externa.

Em troca, a Guiné Bissau teria recebido somas monetárias, entretanto não especificadas e destinadas ao pagamento dos salários em atraso da função pública.

Fontes citadas por aquela publicação sublinham, por outro lado, o facto de grande parte do então arsenal das forças governamentais da Costa do Marfim terem tido por rota clandestina, a Guiné Conackri e a Guiné Bissau.

E neste particular e destacado o papel de Kadet Bertin, conselheiro especial do presidente marfinense para as questões e equipamentos militares, na intermediação do négocio.

Na sequência do reacender das hostilidades e da frequentes violações do acordo de cessar-fogo entre as forças governamentais e os rebeldes, o Conselho de Segurança da ONU decretou, em Novembro de 2004, a imposição de um embargo de armas à Costa do Marfim.

Proposto pela Franca, o embargo contaria ainda com o único voto contra de Angola, na altura membro africano daquele órgão da ONU.

Entretanto, em várias das suas subsequentes sessões, convocadas precisamente para a avaliação do impacto do embargo, na pacificação daquele país da África Ocidental, ficou sublinhado por aquele órgão da ONU, de haver necessidade de uma mais estreita colaboração e do engajamento entre os países da região, particularmente os fronteiriços a Costa do Marfim, no esforço de contenção do fluxo de armamentos e munições para as então partes beligerantes.

Uma outra figura identificada no negócio é, pois, Robert Montoya, um ex-"gendarme" e antigo colaborador dos antigos presidentes da França e Togo, François Mitterand e Gnassingbe Eyadema, ambos falecidos.

Sobre esta controversa figura impende, no Togo, a acusação de tráfico de armas para os países da região, nomeadamente a Costa do Marfim.

Montoya foi, por sinal, o responsável pelo negocio da venda dos dois aviões "Sukhoi", utilizados em 2003 no ataque protagonizado pelas forças governamentais marfinenses, contra as tropas francesas estacionadas em Bouaké e que resultaria na morte de 10 soldados franceses e no consequente operação de retaliação francesa.

Recorde-se que, em 1998, a Guiné-Bissau foi cenário de uma guerra civil, despoletada igualmente por tráfico de armas, desta feita destinado aos rebeldes independentistas da região senegalesa do Casamance.

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