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U.S.- África: Diferenças no Processo Eleitoral


Desde o fim da guerra fria, uma série de países africanos abraçou a democracia multipartidária. Neste momento há vários funcionários africanos das novas democracias a acompanhar atentamente a campanha eleitoral para as presidenciais americanas. Uma campanha longa e dispendiosa.

O jornal “The Washington Post” estima que este ano os candidatos recolheram centenas de milhões de dólares de indivíduos e empresas nos Estados Unidos. Em contraste, nas democracias africanas a máquina eleitoral e os partidos políticos recebem muitas vezes apoio de doadores estrangeiros.

Abdoulaye Diop - embaixador do Mali nos Estados Unidos – diz: “Nos Estados Unidos o dinheiro desempenha um maior papel na política – a quantidade de dinheiro de cada um dos candidatos ou partidos é enorme. É impressionante. O processo das primárias foi também longo. Para nós, a campanha dura apenas entre 35 a 40 dias. Nos Estados Unidos prolonga-se por quase dois anos.“

Por outro lado, o embaixador Diop está impressionado pelo empenhamento de muitos americanos em trabalhar de graça em apoio ao candidato do seu partido.

“O nível de voluntariado nas eleições americanas impressiona-me: muitos apoiantes pagam as suas viagens de avião e estadias em hotéis e fazem campanha porta a porta. Gostaria de ver isso no Mali – cidadãos envolvidos dessa forma.”

Observadores africanos notam diferenças culturais entre votantes africanos e americanos.

Uma sondagem da Rasmussen mostra que 61 por cento dos votantes americanos acham que a esposa do candidato é algo importante para determinar o seu voto. Vinte e dois por cento dizem que a esposa é muito importante.

Ike Ekweremadu, vice-presidente do Senado da Nigéria, está surpreendido com a quantidade de atenção dada as possíveis primeiras damas, que fazem proeminentes aparições nas convenções e nos comícios eleitorais.

O senador Ekweremadu afirmou que na Nigéria a atenção está no candidato e não na esposa, algo que não passa pela cabeça dos votantes nigerianos.

Observadores africanos disseram-se surpreendidos pela influência dos comentaristas americanos, que favorecem um candidato sobre o outro, e pela publicidade negativa, que ataca o registo político ou o carácter do opositor.

O senador Ike Ekweremadu disse que a publicidade negativa não seria possível na Nigéria. “A maior parte dos órgãos de imprensa nigerianos não teriam coragem de aceitar publicidade negativa. E em qualquer acção judicial, o órgão de imprensa deve compensar adequadamente o visado. A maioria dos media não permitiria ser usada para este tipo de campanha negativa porque poderia extrair sérias consequências.”

O embaixador maliano Abdulaye Diop afirmou esperar que a campanha eleitoral americana levante assuntos de interesse para os africanos, nomeadamente a continuação do apoio para a Lei de Oportunidade e Crescimento em África (AGOA), que tem levado a um aumento das exportações do continente para os Estados Unidos e o apoio às conversações sobre comércio mundial, actualmente num impasse,

O embaixador Diop está esperançoso. Disse que a actual administração triplicou a ajuda a África e ambos os candidatos – o democrata Barack Obama e o republicano John McCain - prometeram forte apoio.

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