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MPLA  e Oposição  Confiam na Economia


Se a economia for o padrão de referência dos eleitores que irão votar nesta sexta-feira, o MPLA diz que não tem que se preocupar. E não havendo preocupações a este nível o partido no poder acredita que sairá das eleições com uma maioria mais acentuada do que a goza actualmente.

Entre outros trunfos, o MPLA apoia-se nas obras que o seu governo fez, um pouco por todo o país, e em estudos de opinião atribui à Universidade Católica de Angola, à BBC, e segundo os seus estrategas, à instituições que o Ocidente reputa como insuspeitas, e cujos resultados também lhe são favoráveis.

Entre estas instituições estariam o NDI, Instituto Democrático Internacional, autor, segundo membros da direcção do partido no poder de uma pesquisa bastante animadora, à qual, entretanto a Voz da América não teve acesso.

Fontes do MPLA disseram que tais pesquisas teriam como principal indicador, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. "Oitenta por cento das pessoas ouvidas em mais de uma das pesquisas disseram que as suas vidas tinham mudado substancialmente".

Segundo interpretação do MPLA, as mudanças foram resultado de investimentos que o governo fez nos sectores de energia e água, na reparação de estradas, com reflexos no escoamento de produtos e na construção de novas escolas, hospitais e de centros de saúde.

O à vontade com que o MPLA encara o exame popular de sexta-feira decorre de um sentimento do dever cumprido que atravessa todo o governo.

Ministros e quadros seniores do governo contactados pela Voz da América disseram a este propósito que o país chega às eleições com um balanço positivo, cujos resultados são visíveis um pouco por todo o país.

"Há cinco anos tínhamos uma taxa de inflação de três dígitos; hoje ela está em quase um dígito; a taxa de câmbio estabilizou e as contas públicas estão saldadas. Do ponto de vista do PIB per capita ele cresceu quase seis vezes mais, estava em cerca de 600 dólares , hoje está em perto de três mil . Com números como este temos que estar tranquilos".

QUALIDADE DE VIDA

Dirigentes da UNITA consultados pela Voz da América não só evocaram pesquisas de opinião que dão resultados diferentes, como argumentam ser muito difícil encontrar em Angola alguém que acredite que com a estabilidade política que se observa, e com o que se ganhou com o petróleo, "os angolanos tenham que acreditar que não podem ter uma vida melhor do que aquela que o MPLA oferece".

Apesar da robustez desta estatística , segundo o MPLA há coisas por fazer que hoje se reflectem na qualidade de alguns serviços oferecido pelo sector público. "Nós não questionamos isto. Mas se olharmos para o que o país oferecia quando se alcançou a paz, e o que temos hoje não há comparação nenhuma. Aumentou de maneira dramática o número de hospitais, de escolas , e consequentemente o número de crianças na rede escolar. Foram integrados milhares de famílias e de antigos combatentes. Mas o grande ganho que as pessoas estão a ter é ter e usufruir da reabilitação de estruturas. Hoje já se circula muito razoavelmente, o que permite abertura de mercados, e intercâmbio de mercadorias".

Para correntes afectas à UNITA nas condições actuais, e apesar dos progressos, o que se traduz numa maior oferta, continua a ser difícil encontrar no mercado a realização do esforço de cada um, mormente no que toca ao poder aquisitivo

O MPLA toma essas críticas como despropositadas. E argumenta: " O nível de equipamento que as pessoas hoje obtêm dentro e fora do país é de qualidade que em muitos países europeus só o cidadão médio tem acesso. Isto não era assim há cinco anos. É evidente que uma vasta gama da população ainda não tem este poder aquisitivo, mas convenhamos que nenhum país que tenha saído de uma guerra de quase 30 anos, e por força do qual 2 ou três milhões de cidadãos tenham sido forçados a viver no limite da linha da pobreza, pode oferecer a estes pessoas rendimentos de cidadão médio. Isto não acontece em país nenhum, e não poderia acontecer em Angola. Mas, por favor, não percamos de vista o facto de cidadãos com rendimentos baixos beneficiarem há algum tempo de mais acesso água, transporte, energia, saúde. Isto é verdade".

PETRÓLEO

Com o petróleo a atingir níveis nunca antes registados, o preço do barril está hoje mais de 40 dólares acima das projecções feitas no orçamento geral do estado para este ano, o governo acumulou receitas excepcionais, que ajudaram a fazer obras e a ornamentar o programa com que o MPLA vai às eleições.

Porém é também por causa do mesmo petróleo que o MPLA- por via do governo- acaba por expor-se aos ataques da oposição que põe em causa a gestão das receitas daí derivadas.

A FpD diz, nomeadamente que o contínuo aumento do preço do petróleo não tem a menor expressão na qualidade de vida da generalidade dos angolanos e que apenas meia dúzia de cidadãos beneficiam directamente do incremento das receitas petrolíferas.

Tanto o governo quanto o MPLA atribuem as criticas dos "fpedistas" ao desconhecimento da realidade concreta do país.

"Em 2002 as reservas internacionais líquidas não chegavam a 200 milhões de dólares. Hoje estão acima de 12 biliões de dólares, por conseguinte são recursos reais que o estado tem. Se juntarmos a isso o facto de que o país pagou tanto a dívida externa como interna, e o facto de há cerca de 3 anos termos um orçamento superavitário é absolutamente enganador dizer que se poderia fazer muito mais com as receitas de petróleo".

O que mais alegra as autoridades de Luanda é a alteração das suas relações com os seus parceiros internacionais. Há alguns anos, sobretudo no auge da guerra Angola estava exposta às condições ditadas pela banca internacional. De algum tempo a esta parte, sobretudo desde descobriu a China Angola tem vinco a obter no mercado mundial empréstimos com termos manifestamente favoráveis a si. "Todos os parceiros de Angola respeitam a nossa política económica. Hoje não se encontra, salvo por razões políticas, quem se atreva a questionar as nossas opções políticas. Foram feitas as coisas certas, e não era possível fazer mais".

A par da corrupção, o desequilíbrio na distribuição da renda nacional é um dos principais pecados que a oposição atribui ao MPLA. "As pessoas vêem e ouvem todos os dias notícias sobre estes desequilíbrios", sintetiza um dirigente da UNITA..

O MPLA partiu para a campanha eleitoral com as defesas devidamente accionadas. "O equilíbrio na distribuição da renda faz-se investindo nas áreas de gastos com maior impacto na população, ou seja, aplicando-se em bens com amplo consumo. As estradas não são só para os ricos. Estamos a fazer escolas e hospitais por toda a parte. Não conhecemos nenhuma forma de redistribuição da riqueza se as pessoas não tiverem acesso a estes bens de amplo consumo. Por outro lado o governo passou a lançar infra-estruturas em áreas onde declaradamente o sector privado estava deficitário, como é o caso da nova rede comercial".

O MPLA avança também com estatísticas sobre o mercado de trabalho para justificar a sua cruzada contra os desequilíbrios. El declarações que a Rádio nacional de Angola difundiu na terça-feira, 26 de Agosto, o ministro da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, Pitra Neto traçou um quadro idílico.

"Os dados estatísticos que foram apresentados, apreciados, discutidos e aprovados por vários sectores (agricultura, construção civil, transportes, energia e águas, saúde e educação) concordaram em que de 2002 a 2007 foram gerados aproximadamente três milhões de postos de trabalho. Mais precisamente, foram gerados 2.954.502 novos postos de trabalho".

Pitra Neto regozijou-se em particular com o desempenho do sector agrícola, responsável pelo regresso e por uma estabilização de milhares de camponeses às suas zonas de origem. Por causa desse esforço o governo praticamente extinguiu o flagelo da fome em Angola.

Onde também o MPLA não encolhe os ombros perante as críticas dos adversários é no domínio do combate á corrupção. De uma maneira geral a oposição atribuiu ao partido do governo uma atitude de passividade ou mesmo de condescendência para com o fenómeno da corrupção, que atravessa quase todo sector público.

Prevenidos, os estrategas do partido no poder já tinham a resposta preparada.

À Voz da América eles argumentaram que a questão da corrupção não pode ser estruturalmente atribuída ao poder político.

" Se 500 mil pessoas precisarem tratar um documento, é evidente que isto criará pressão sobre as instituições incluindo o poder político. Seja como for, temos cada vez mais mecanismos de combate e de desencorajamento de acções desta natureza. Os angolanos não são nem mais honestos ou menos honestos que outros".

De acordo com altos funcionários do governo a perspectiva de incremento de relações com governos ou instituições privadas, particularmente dos EUA, Japão, Alemanha e com o resto da Europa é a apoiada na transparência das transacções.

O MPLA e a oposição chocam, também, na questão da dicotomia entre desenvolvimento e crescimento económico. Para a oposição, o crescimento de que as autoridades se gabam resulta, apenas, na criação de oportunidades para uns poucos.

A esta torrente de críticas o MPLA responde com números: "O crescimento anual da economia passou de dois%, em 2001, para 23% em 2007. Um dos maiores do mundo. Por outro lado, e mesmo que percamos de vista que um, o desenvolvimento económico, é mais lento que o outro, não nos podemos esquecer da geração de novos postos de trabalho, da expansão de serviços sociais com benefícios palpáveis tanto sector público quanto no privado e do crescimento exponencial da oferta de serviços ao nível da banca e outros ".

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