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Cessar-Fogo na Geórgia: Triunfo de Sarkozy


O cessar-fogo entre a Geórgia e a Rússia está a ser visto como um triunfo para o presidente francês Nicolas Sarkozy, o actual presidente da União Europeia. Embora a Rússia esteja a ser acusada de violar o cessar- fogo este foi apoiado pelos 27 membros da União Europeia que concordaram também com a ideia de enviar observadores para supervisionar o cessar fogo .

Sarkozy é presidente da União Europeia há apenas um mês, mas tem mostrado querer ser um dirigente de acção. Contudo, o seu trabalho tem sido alvo de algumas críticas.

Vários analistas entrevistados creditam a União Europeia, e Sarkozy em particular, por negociar uma solução diplomática ao conflito entre a Geórgia e a Rússia.

Mas, Antonio Misseroli, director de estudos no Centro de Política Europeia baseado em Bruxelas diz quem a seu ver, a presidência da França da União Europeia - que vai durar até ao fim do ano -vai ser marcada resultados desiguais. Disse ele:”Ter a França na presidência da União Europeia é sempre uma benção e uma maldição. É uma benção porque a França é um membro poderoso da União Europeia e, portanto, tem uma certa autoridade, quer a nível interno quer externo”. Neste caso foi isso que contou. A França é também membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e, portanto, isso lhe dá mais credibilidade. Mas, ao mesmo tempo, a França é também um membro do Conselho de Segurança que tem os seus próprios interesses de estado a defender e a tentar fazer avançar”.

No mês passado, Sarkozy teve um confronto com o comissário europeu do comércio, Peter Mandelson, sobre a posição da Europa nas negociações sobre a Organização Mundial de Comércio.

A sua proposta para parceria Europa-Mediterrâneo teve que ser modificada devido a objecções alemãs. Contudo, Sarkozy recebeu credito por ter conseguido levar dirigentes israelitas e árabes à cimeira mediterrânica, em Julho, na qual o Líbano e a Síria anunciaram a restauração de relações diplomáticas.

Robin Shepherd, analista europeu na Chatham House, um centro de estudos em Londres, disse que, até agora, a chefia da União Europeia pelo presidente Sarkozy teve resultados mistos.

No que diz respeito a negociações de comércio, Sarkozy tornou desnecessariamente difícil o trabalho do negociador da União Europeia, durante a Ronda de Doha. Por outro lado, a sua ideia de uma União Mediterrânica e a negociação deste cessar-fogo são exemplos de um trabalho impressionante”.

Em França, onde a sua popularidade caiu desde que assumiu a presidência, o ano passado, Sarkozy tem também sido alvo de opiniões diversas. Embora tenha sido creditado por ter assegurado o respeito dos israelitas e palestinianos, numa visita ao Médio Oriente, mas foi criticado por ter convidado para França dirigentes controversos como Muamar Gadaffi, da Líbia, e Bashar Assad, da Síria. Sarkozy responde a estas criticas afirmando que a diplomacia requer contactos alargados.

O presidente francês foi também criticado por colocar os interesses da França acima dos direitos humanos ao assistir à abertura dos Jogos Olímpicos e ao recusar a encontrar-se com o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama. Sarkozy afirma que se reunirá com o Dalai Lama ainda este ano.

Tanto na França como no estrangeiro Sarkozy é conhecido como um homem de acção, particularmente quando comparado com o seu predecessor Jacques Chirac, Antonio Misseroli, do Centro de Politica Europeia, em Bruxelas, é de opinião que isso poderá ser positivo.

”Certamente que há uma política externa muito mais dinâmica do que aquela que existia sob Chirac. Mas, claro está, que o dinamismo tem custos. O dinamismo abala o que existe, antagoniza algumas das pessoas envolvidas nessa política e provavelmente resulta em novas personalidades nesse cenário. É isso que está a acontecer e é isso que vai continuar a acontecer”.

O dinamismo de Sarkozy no conflito entre a Rússia e a Geórgia poderá mesmo beneficiar a sua imagem em frente apesar de,como faz notar o analista Steven Ekovich, poucos franceses estarem a trabalhar durante o mês de Agosto.

“Os franceses estão de férias, mas isto levou o presidente para as primeiras paginas dos jornais. Portanto, quando os franceses, nos seus locais de férias, foram à livraria ou foram comprar o jornal viram o presidente envolvido em algo de importante, nomeadamente a tentar resolver uma crise na Europa. Isso só pode ser do seu benefício”- palavras de Steven Ekovich, da Universidade Americana em Paris que afirmou ainda que, no que diz respeito ao cessar-fogo entre a Rússia e a Geórgia, Sarkozy representa não só a União Europeia, mas também a opinião de todo o ocidente.


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