A unidade das Nações Unidas para o Combate às Drogas e Crimes afirma
que há um aumento acentuado de tráfico de drogas de cartéis da América
Latina por toda a Africa Ocidental.Cerca de 27 por cento da cocaína
usada na Europa e na zona do Golfo transita por todos os países da zona
ocidental africana. Este comércio ilegal representa 1,8 biliões de
dólares por ano.
Herve Ludovic de Lys é responsável pelo escritório regional do Departamento de Coordenação da Assistência Humanitária. Segundo ele o narcotráfico em si não é uma ameaça à comunidade humanitária, mas pode transformar-se numa séria preocupação humanitaria: “É uma preocupação para nós porque a Africa Ocidental está a sair de um período de violentos conflictos, como na Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. E nós, acrescenta, que trabalhamos na área humanitária estamos preocupados pois o narcotráfico pode alimentar conflictos, re-introduzir armas e gerar novas preocupações.”
De Lys nota a existência de conflictos de baixa intensidade no norte do Niger, e ainda em menor escala no norte do Mali. Diz que há, alegadamente, grupos de fundamentalistas islâmicos na Mauritânia, que estão a provocar problemas. A Costa do Marfim, refere, está estavel, mas pode regressar facilmente a uma situação de conflicto.Há ainda a questão da instabilidade na Guiné-Conacri. E qualquer coisa pode interferir nestes países que vivem situações frágeis: “Lembram-se da Serra Leoa e da Libéria? Dos conflictos alimentados pelo tráfico de diamantes. A nossa preocupação é que os conflictos possam ser agora alimentados por outras formas de mercadorias ilegais. E os comércio de narcóticos é, obviamente, muito rentavel e algo que transita muito facilmente pela região.”
De Lys acrescenta existiram provas do aumento da dependência
das drogas na Africa Ocidental. Acontece com frequência que quem envia
narcóticos se transforma num utilizador dessas mesmas drogas.Para além
de que as organizações criminosas têm muito dinheiro para andar a
espalhar. E, adverte este funcionário da ONU, muitos na Africa
Ocidental podem-se sentir tentados a envolver-se no narcotráfico, caso
a comunidade internacional não apoie situações de emergência críticas
bem como programas de desenvolvimento.