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Violência Continua a Ameaçar Civis no Leste do Congo-Kinsahasa


Uma coligação de mais de 60 grupos humanitários e de direitos humanos disse que a violência continua a ameaçar civis no leste do Congo-Kinsahasa, apesar de um acordo de paz assinado há seis meses.

Em Janeiro, o governo do Congo-Kinshasa assinou um acordo de paz com mais de 20 facções armadas que operavam no leste do país para acabar com os confrontos que deslocaram mais de um milhão de pessoas. Os signatários acordaram num cessar-fogo e em proteger os direitos humanos e a população civil.

Mas, seis meses mais tarde, a Coligação Causa do Congo, um grupo de 64 ONG’s que inclui organizações internacionais como a Oxfam e a Human Rights Watch, assim como organizações congolesas, disse que pelo menos 150 mil outras pessoas foram deslocados no leste do pais desde o acordo de Janeiro. A Coligação afirmou também que mais de 200 civis foram mortos e mais de 200 violações ao cessar-fogo foram registadas no mesmo período.

De acordo com a missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Congo-Kinshada, conhecida pela sigla francesa MONUC, nos últimos seis meses o número de violações do cessar-fogo diminuiu consideravelmente e desapareceram os grandes confrontos entre tropas governamentais e milícias.

Mas a porta-voz da MONUC, Sylvie Van Den Wildenberg, disse que não se registou uma queda nas violações dos direitos humanos.

Segundo Wildenberg, “apesar da diminuição e frequência dos incidentes, constatamos que a situação humanitária e dos direitos humanos não melhorou. Aumentamos o numero de agentes humanitários no terreno, mas infelizmente continuamos a observar que a população está muito preocupada e receosa em voltar para as suas aldeias e lugares de origem”.

A coligação disse que as mulheres têm sido particularmente vulneráveis, com mais de 2000 violações reportadas na província do Kivu do Norte durante o mês de Junho.

As ONG’s apelaram ao governo e a vários grupos armados para cumprirem os seus empenhamentos fornecendo segurança aos civis nas províncias do Kivu do Norte e do Sul, perto das fronteiras com o Ruanda e o Uganda. Pediu também a comunidade internacional para nomear um conselheiro especial sobre direitos humanos para a região.

A coligação afirma que o acesso humanitário tem sido também constrangido pela insegurança, com perto de 40 ataques este ano a trabalhadores humanitários e que a presença de 10 mil “capacetes azuis” no leste do país é insuficiente.

Sylvie Van Den Wildenberg concorda que a missão é apertada, mas disse a MONUC esta a fazer tudo o que pode com as tropas disponíveis.

Ela disse que “o leste do Congo é na verdade um vasto território. Mas dizer que estamos com falta de recursos, sempre estaremos, porque é impossível colocar um soldado por detrás de um congolês. Por isso temos de trabalhar com aquilo que temos. Temos aproximadamente 10 mil soldados para os dois Kivus e estamos a tentar fazer o melhor que podemos com o que temos.”

O leste do Congo tem sido assolado desde há vários anos por confrontos armados desde que o conflito étnico no Ruanda espalhou-se através da fronteira após o genocídio de 1994. Milícias têm também lutado pelo controlo dos recursos naturais da área, que inclui ouro e coltan, um minério metálico usado para fazer baterias de telemóveis.

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