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Hillary Clinton Reconsidera o seu Futuro Político


Em finais do ano passado, muitos eram os analistas políticos americanos que acreditavam que Hillary Clinton, senadora pelo Estado de Nova Iorque, venceria facilmente a nomeação presidencial, pelo Partido Democrático.

Hoje, com Barak Omaba assumindo-se como o vencedor das eleições primárias democratas e, consequentemente, sendo o candidato do partido às eleições presidenciais de Novembro de 2008, a senadora Clinton está a reconsiderar o seu futuro politico.

Na passada Terca-Feira, ao cair do pano das eleições primárias do Partido Democrático, Barak Obama proferiu um discurso que, há a um atrás, era praticamente improvável. Disse ele: “Esta noite é-me possível estar aqui e dizer que serei o candidato do Partido Democrático às eleições presidenciais nos Estados Unidos.”

No mesmo dia e instantes depois, Hillary Clinton, dirigia-se aos seus apoiantes: “Agora, a questão é saber para onde vamos? E, dado o percurso que conseguimos fazer e onde precisamos chegar como um partido, é uma questão que não gostaria de encarar de forma ligeira”.

Essa não foi, entretanto, o discurso daquela senadora e candidata dos democratas, às eleicoes presidenciais americanas, que muitos esperavam.

Apesar dos resultados ditados pelas primarias e de Barak Obama reunir o aparente apoio da maioria dos super-delegados à sua nomeação presidencial, Hillary Clinton, em momento algum, reconheceu a vitória do seu rival e adversário partidário.

Encerrada que foi a campanha eleitoral pela nomeação democrata, os analistas procuram agora eventuais respostas aos factores que terão ditado a derrota de Hillary Clinton, cujo triunfo eleitoral chegou a ser dado por certo, por grande parte dos analistas políticos, aqui nos Estados Unidos.

Larry Sabato, professor de ciências políticas da Universidade de Virgínia, identifica, por exemplo, no excesso de confiança que rodeou a campanha e os próprios conselheiros daquela senadora nova-iorquina, uma das causas da sua derrota. Diz Sabato: “Eles pensaram que iriam conseguir derrubar Obama e todos os demais candidatos, nas primeiras eleições primarias do partido. E estavam, por conseguinte, completamente errados”.

A semente da derrota de Hilary Clinton, nas primárias democratas, poderá ter sido lançada no início de 2002, quando aquela senadora votou a favor da invasão americana ao Iraque. Apesar de ter, mais tarde, renunciado o seu apoio à guerra, a opção política de então, colocava-a em posição de desvantagem face ao seu adversário, o senador pelo Estado de Illinois, Barak Obama, que contrariamente, se opusera à guerra, desde o seu início.

Esta é, pelo menos, a convicção de Bruce Miroff, professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Nova Iorque. Diz Miroff: “Pelo facto de Hillary Clinton ter votado a favor da resolução em 2002, autorizando o presidente George Bush a recorrer a força militar no Iraque, era evidente que isso seria um dos desafios que teria que fazer face, por parte das vozes anti-guerra, nas eleições e que muitos activistas nas bases do partido engrossariam essa fileira de opositores. Portanto, a premissa de que Hillary Clinton, seria inevitavelmente a candidata do partido às eleições presidencias, partia necessariamente de um pressuposto questionavel.”

Mas, muitos outros analistas acreditam que a antiga primeira dama teria cometido um erro político fatal, ao exibir em excesso a sua alegada experiência, numa altura em que os eleitores, clamavam pela mudança.

Ouçamos, a propósito, Indira Lakshmanan, jornalista da rede de televisão “Bloomberg News” e que acompanhou a campanha política e eleitoral democrata. Diz Lakshmanan: “Inicialmente, todos os seus slogans tinham muito a haver com a sua experiência e prontidão. Posteriormente, acabaria por optar por um outro slogan: “Pronta para a Mudanca, Pronta para a Liderança”,fazendo crer ser ela a tal agente da mudança, a pessoa dotada de experiência para que essa mudança pudesse ocorrer. Não seria, de todo, um discurso ingénuo, já que se enquadra no desejo de mudança que os americanos desejariam ver acontecer nestas eleições”.

Alguns erros tácticos são, igualmente, referidos como tendo estado na origem da derrota de Hillary Clinton. Larry Sabato, da Universidade de Virgínia, entende, por exemplo, que a campanha de Hillary Clinton dispendeu muito dinheiro para conseguir a vitória no caucaso no Estado Iowa, no qual aquela antiga primeira dama, não conseguiu ir para além de uma terceira posição, na lista dos candidatos mais votados. Diz Sabato: “Eles gastaram, de longe, muito mais em Iowa. Deveriam provavelmente ter saltado essa etapa. John McCain, por exemplo, não concorreu em Iowa e ele e hoje o candidato republicano às presidenciais de Novembro próximo. Podia-se evitar o que aconteceu em Iowa. Gastaram excessivamente dinheiro nesse Estado, dinheiro que ela tinha conseguido angariar durante as campanhas de fundos que liderou em finais de 2007”.

Entretanto, tanto Sabato como a jornalista Indira Lakshmanan acreditam que Hillary Clinton acabou igualmente por não investir suficiente capital político na vitoria nos caucasus nos Estados que prescindiram das eleições primárias.

Nota Lakshamanan: “E não se apresentou e Obama venceu de forma incontornável, o que levaria à sua liderança na corrida, já em meados de Fevereiro, isto largamente devido ao sucesso conseguido nos caucasus estaduais”.

Alguns dos problemas na campanha daquela senadora estiveram, de facto, fora do seu controlo.O professor Bruce Mirrof evoca, por exemplo, o facto do marido Hillary, o antigo presidente Bill Clinton, tido por um político experiente e hábil, com um grande contributo a dar a campanha da sua esposa, ter, pelo contrário, com o seu envolvimento no debate político, acabado por causar problemas desnecessários à candidatura daquela antiga primeira dama. Bill Clinton, recorde-se, começou por proferir comentários imprevisíveis, especialmente quando a questão em debate foi de índole racial. Nota Miroff: “Portanto, foi assumido por todos, como uma grande vantagem de Hillary Clinton mas, o que vimos, foi alguns dos mais fogosos hábitos entrarem para a sua campanha, causando problemas, de que certamente ela não necessitava”.

Um outro desaire de Hillary Clinton teve a ver com a penalização decretada aos delegados da Flórida e Michigan, Estados penalizados, por terem realizado as eleições primárias muito mais cedo do que definido pelas normas partidárias.

Na sequência de um compromisso assumido , nesses dois Estados, os delegados eleitos acabaram por perder o peso eleitoral que noutras circunstâncias teriam tido na convenção do Partido Democrático.

Mas, apesar de todos estes factores, Hillary Clinton esteve muito perto de ser a primeira mulher a ser nomeada candidata por um partido, às eleições presidenciais no Estados Unidos. Um sonho, o de uma antiga primeira dama, com probalidade de regressar à Casa Branca, com um outro estatuto, o que gerou um certo entusiasmo ao longo da sua campanha, mas que acabaria por ser desfeito, por Barak Obama que, esse sim, fez história, tornando-se no primeiro africano-americano, candidato à presidência dos Estados Unidos.

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