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Zimbabwe: Suspensa Actuação das Agências Humanitárias


O governo do Zimbabwe suspendeu, por tempo indeterminado, o trabalho das organizações humanitárias. Diz o executivo que essas organizações estão a fazer campanha pela oposição.

As organizações atingidas pela decisão manifestaram sua preocupação em relação às graves consequências da suspensão do trabalho de campo que desenvolvem no país. A proibição da distribuição de comida põe em risco a vida de milhões de zimbabweanos.

O anúncio da proibição foi feito na quinta-feira, 05, por meio de uma carta assinada por Nicholas Goche, Ministro do Serviço Público, do Trabalho e da Segurança Social. Dizia a carta que o trabalho de campo deveria ser interrompido.

Essa decisão seguiu-se à interdição das actividades da CARE anunciada no início desta semana. O porta-voz da CARE Internacional, Kenneth Walker, afirmou a propósito que essa interdição prejudica muito mais do que a ajuda alimentar.

Em declarações à Voz da América, Walker explicou que a CARE tem uma actuação em diversos campos beneficiando cerca de meio milhão de zimbabweanos: «Nosso trabalho vai desde o apoio a órfãos e crianças em situação vulnerável até pessoas com doenças crónicas, especialmente Sida. Também asseguramos água limpa, saneamento e desenvolvemos programas ligados à actividade agrícola. E concedemos pequenos empréstimos a micro empresários. Enfim, uma grande variedade de programas», concluiu.

Além do meio milhão de pessoas que ajuda habitualmente, a CARE planeava retomar - ainda este mês - a distribuição de alimentos a outros milhares de zimbabweanos que não têm outra forma, senão essa, de conseguir comida. Cada vez mais gente depende dessa ajuda alimentar, alerta a organização.

Os planos da CARE estão agora suspensos em função da determinação do governo. As autoridades acusam a CARE de fazer campanha pelo Movimento Pela Mudança Democrática. E isto, às vésperas da segunda volta das presidenciais que opõem o presidente Robert Mugabe ao líder oposicionista, Morgan Tsvangirai.

A CARE nega as acusações e aguarda do governo a comprovação de seu suposto envolvimento em actividades políticas.

A Christian Aid, uma outra Oganização Não Governamental que actua no Zimbabwe expressou igualmente sua preocupação em relação às pessoas mais necessitadas e que dependem cada vez mais deste tipo de ajuda para enfrentar a grave situação económica que se vive hoje no país.

Judith Melby, porta-voz da Christian Aid, disse à Voz da América que mesmo que a interdição seja interrompida logo após as eleições, ainda poderá levar algum tempo para que os programas de ajuda sejam retomados. «É lamentável, por que existe um sistema de entrega. Muita coisa está em jogo e quando você interrompe é difícil depois que tudo volte a funcionar rapidamente de modo a podermos retomar as entregas», explicou ela.

O Comissário da União Europeia para a Ajuda Humanitária, Louis Michel, juntou-se ao coro de apelos ao governo de Harare para que reveja a interdição.

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