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Luta Contra a Resistência Antimicrobiana


RENATO- Vamos começar, Ana, com uma boa notícia: finalmente, os médicos, em sua luta contra a resistência antimicrobiana parece que vão receber novas armas.

ANA- Realmente, Renato. Os médicos têm se queixado já há bastante tempo que a falta de novos antibióticos e a crescente resistência das bactérias têm diminuído o número de opções para tratamento das doenças infecciosas.

RENATO- Eles ficam, como se diz popularmente, com as mãos amarradas, sem poder fazer muito em favor dos seus pacientes.

ANA- Agora, porém, parece que a situação vai melhorar e a industria farmacêutica está empenhada em desenvolver novos produtos e novos mecanismos de acção terapêutica...

RENATO- ... o que levou a Dra. Karen Busch, do sector de pesquisas da conceituada empresa Johnson and Johnson, a comentar: “Estamos a viver um momento excitante!”

ANA- Numa conferência científica realizada em Chicago, os participantes apresentaram dados sobre 120 produtos que estão a ser pesquisados e desenvolvidos pelos laboratórios, um número sem precedentes.

RENATO- Ainda é cedo para se dizer quantos desses produtos vão chegar ao mercado. De qualquer forma, é animador o sinal de que a indústria farmacêutica, que esteve improdutiva durante tanto tempo em matéria de antibióticos, agora está a se mexer.

ANA- Não se trata somente de um maior dinamismo na pesquisa e desenvolvimento de medicamentos. Os especialistas estão também a examinar a conveniência de modificar os métodos e alvos da pesquisa.

RENATO- Exacto, Ana. Tradicionalmente, os cientistas têm se concentrado em analisar o sequenciamento genético dos diversos agentes patogénicos a fim de entender melhor o problema da resistência antimicrobiana ...

ANA- ... e dessa forma, tornar mais viável a descoberta de novos remédios contra as doenças infecciosas.

RENATO- Mas agora uma tendência diferente está a se manifestar.

ANA- Certo, Renato. Os cientistas parecem mais inclinados a voltar a explorar o campo dos recursos da Natureza- que foi a fonte principal para o desenvolvimento dos primeiros antibióticos.

RENATO- E para mudar de assunto, Ana: voce se lembra de Howard Hughes? Ele viveu quando você não era nascida, mas talvez se lembre, ele foi famoso.

ANA- Bem, Renato, o que sei é que ele era milionário, como Bill Gates hoje. E foi um piloto de provas e pioneiro da aviação.

RENATO- É, e alem disso, director de filmes, um dos quais fez grande sucesso, com Jane Russell, chamava-se, em inglês, The Outlaw.

ANA- Sim, mas acho que você está a lembrar a figura dele por causa do pavor que tinha por micróbios, não é?

RENATO- Exacto, aquele homem rico, famoso, talentoso, passou os últimos anos de sua existência enclausurado, não via ninguém, pois tinha medo de que lhe passassem alguma doença, e mandava desinfectar todos os objectos ao seu redor.

ANA- Ele exagerou, mas a verdade é que não se pode brincar com as bactérias. É incrível como as pessoas, no excesso oposto ao de Hughes, se expõem à acção dos micróbios, de maneira irresponsável.

RENATO- Sim, um estudo feito na Holanda entre médicos, enfermeiros e assistentes de saúde mostrou que a maioria não tinha conhecimento apropriado dos riscos da falta de higiene, ou não simpatizava com a ideia de ter de tomar providências acauteladoras.

ANA- No entanto, conforme declarou recentemente o professor Andreas Voss, da equipa do hospital holandês Wilhelmina, “os microorganismos estão por todos os cantos. Bactérias e fungos contaminam nossos corpos, nossas casas, locais de trabalho, todo o meio ambiente”

RENATO- E o professor disse categoricamente: “ a impressão que se tem é que não existem objectos dignos de confiança. Mesas, utensílios, computadores, maçanetas de portas, outros objectos, todos podem estar contaminados.”

ANA- Bem, Renato, um ângulo animador nisso tudo é que no meio de biliões de bactérias, somente 1.500 são perigosas para a nossa saúde.

RENATO- Ainda assim, é preciso ter muito cuidado.

ANA- No programa anterior dedicamos um grande espaço para a malária, uma das piores ameaças à saúde mundial e que afecta sobretudo países em África.

RENATO- Vamos a focalizar de novo o tema, dada a sua importância, e aproveitar para citar palavras da Dra. Ann Veneman, directora executiva do UNICEF , que é, como sabem, o Fundo das Nações Unidas para a Protecção da Infância.

ANA- A Dra. Vaneman declarou: “ É inaceitável o facto de a malária matar mais de 1 milhão de pessoas cada ano, na maioria crianças. A malária é uma doença curável , que pode ser prevenida, e que pode ser controlada com o uso de redes tratadas com insecticidas e outras providências”

RENATO- O UNICEF se tornou o maior fornecedor de redes tratadas com insecticidas e distribuiu mais de 18 milhões delas no ano de 2007 , o que ajudou a reduzir as infecções pelo mosquito Anófeles.

ANA- Apesar deste sucesso, a luta precisa continuar. A malária ainda é endémica em 107 países.

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