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Suspenso Envio de Ajuda Humanitária Para a Birmânia


Funcionários das Nações Unidas informaram ter sido suspenso o envio de ajuda humanitária para a Birmânia depois da junta militar ter apreendido todos os alimentos e equipamentos enviados pelo Programa Alimentar Mundial.

Hoje foi mais um dia de espera para as centenas de trabalhadores humanitários que aguardam em Bangkok, na Tailândia, por vistos de entrada do governo birmanes. A frustração aumentou quando a liderança militar da Birmânia anunciou – através de um jornal estatal – que não aceita equipas de socorro de países estrangeiros. As autoridades birmanesas recambiaram uma equipa de socorristas que chegou num avião com ajuda proveniente do Qatar.

O governo da Birmânia disse que continuará a receber a ajuda e que a sua distribuição é feita através dos seus próprios recursos. A televisão estatal mostrou imagens de soldados birmaneses a entregarem pacotes de ajuda em algumas aldeias.

Contudo, fontes no interior da Birmânia, afirmaram que muito pouco da ajuda enviada por via aérea parece estar a ser encaminhada para as pessoas mais necessitadas, as do Delta de Irawaddy, onde povoações inteiras foram varridas do mapa e onde ocorreram a maioria das mortes.

Noticias provenientes da área indicam que muitas pessoas ainda não receberem qualquer ajuda desde o ciclone de 3 de Maio e que algumas delas estão a morrer por falta de alimentos e cuidados médicos.

Centenas de toneladas de alimentos, agua purificada, lonas de plástico, medicamentos, cobertores, mosquiteiros e outros abastecimentos aguardam através do mundo autorização das autoridades birmanesas para entrarem no país.

Bill Berger lidera a Equipa de Resposta e Assistência a Desastres dos Estados Unidos, cujos membros aguardam por vistos de entrada em Bangkok. Berger afirmou ser critico que o pessoal vá juntamente com a ajuda.

“Por não sabermos se a ajuda pode sair do aeroporto, enviar ajuda só pode constituir um problema. Pode causar dificuldades logísticas. Queremos ter a certeza que temos possibilidades de receber essa ajuda e encaminha-la através dos canais de distribuição que a leve com rapidez e eficácia as pessoas mais necessitadas nesta situação”.

Um das principais preocupações é que a ajuda seja distribuída de uma forma equitativa. Críticos dizem que o governo militar da Birmânia no passado desviou a assistência para as famílias da elite militar e seus apoiantes.

Analistas afirmam que os generais da Birmânia há 46 anos no poder, estão relutantes em aceitar equipas de ajuda internacionais por recearem que uma grande presença estrangeira possa fomentar agitação entre uma população cansada da repressão política e da pobreza.

Apesar do desastre, a liderança militar birmanesa tenciona realizar amanha em algumas partes do país o referendo sobre uma nova constituição, que críticos afirmam ter por único objectivo o prolongamento do regime militar em vigor há 46 anos na pátria de Aung San Suu Kyi, a activista pro-democracia laureada com o Prémio Nobel da Paz.

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