Um artigo publicado no jornal de medicina de Lancet, na Grã-Bretanha diz que as agências de emprego dos países ricos, conhecidas pela sua agressividade no recrutamento de profissionais africanos do ramo de saúde, são culpadas daquilo que os seus autores chamam de crime internacional.
Os peritos acusam países como a Austrália, Canadá, Arábia Saudita, Estados Unidos da América, Emiratos Árabes Unidos e a Grã-Bretanha de conseguirem manter uma paridade entre médicos e pacientes, graças ao recrutamento de médicos de países subdesenvolvidos, incluindo da África ao sul do Saara.
O doutor Elly Katabira da Universidade de Makerere, é um dos autores do artigo. Ele disse à Voz da América que embora seja difícil criminalizar os países desenvolvidos, pode se ir para além da saturada discussão sobre a fuga de cérebros.
<O que nós estamos a dizer é que os países desenvolvidos estão em melhores condições de ajudarem conter a fuga de cérebros, do que os países subdesenvolvidos. Convenhamos que estes países, alguns dos quais em África têm as suas responsabilidades. Devem criar incentivos para que estas pessoas se mantenham>.
O doutor Katabira sugere que os países doadores, normalmente do ocidente, poderiam ajudar, condicionando a sua ajuda ao principio de que parte da mesma seria usada na melhoria das infra-estruturas médicas em África.
Os autores do texto dizem também que como resultado do recrutamento de profissionais africanos, mais de metade dos países da África sub-saariana não consegue atingir o rácio mínimo entre médicos e pacientes estabelecido pela OMS, que é de 1 por cinco mil.
O artigo revela que 13 mil médicos formados na África sub-saariana, exercem medicina na Austrália, Canadá, Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
O texto identifica agências de recrutamento que estabeleceram escritórios na África do Sul, justamente para este fim.
Entre as práticas usadas, constam anúncios em jornais de grande circulação, envio de mensagens electrónicas, ou a organização de feiras de emprego especificas para este fim.