Links de Acesso

Mais de 20 Mil Refugiados Mauritanianos no Senegal


Houve cerimonias de despedida e de boas vindas presenciadas por funcionários em ambas as margens do rio Senegal, quando mais de 100 antigos refugiados foram transportados em pirogas a motor.

Alphonse Munyaneza, um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), explicou que o financiamento internacional vai ajudar a pagar as despesas com o regresso dos mauritanos.

“Cada refugiado que regressar a Mauritânia recebera um pedaço de terra equivalente a 140 metros quadrados para construir uma casa. O ACNUR e o governo da Mauritânia fornecerão materiais de construção para que eles possam erigir as suas casas. Forneceremos também três meses de alimentos e também uma tenda”.

Crianças refugiadas mauritanianas começaram a cantar e a rir quando funcionários chegaram aos seus campos próximos da fronteira para iniciarem o processo de repatriamento.

Existem mais de 20 mil refugiados mauritanianos no Senegal. Funcionários disseram que o programa de repatriamento vai-se estender por 18 meses.

Uma das pessoas satisfeitas por regressar é Haddy Sy. Ela disse que deixou a Mauritânia depois de ter sido agredida. Isso aconteceu durante uma vaga de violência étnica que começou na Mauritânia, um país dominado por mouros árabes, em 1989 e escalou em confrontos fronteiriços, forçando dezenas de milhar de negros mauritanianos, na sua maioria étnicos Pular, também conhecidos por Fulas, a irem para o exílio.

Nos finais dos anos 90, mais de 30 mil refugiados mauritanianos regressaram pelos seus próprios meio e alguma assistência das Nações Unidas.

Haddy Sy afirmou ainda que deixa para trás muitas coisas boas no Senegal, incluindo uma vida calma, mas que está muito contente por poder regressar ao seu país.

Desde que tomou posse no ano passado, o governo do eleito presidente Sidi Ould Cheikh Abdallahi, tem feito esforços para fazer regressar aqueles refugiados, incluindo vários milhares de outros no Mali.

Mas muitos refugiados no Senegal não querem regressar a Mauritânia, como Yaraah Sow, que vive no campo de refugiados de Dagana, a cerca de 400 quilómetros a noroeste de Dacar.

Ele disse que ainda está muito amargurado sobre o que aconteceu há perto de 20 anos. Afirmou que o seu pai, que era funcionário publico, foi atacado por uma multidão e morreu com uma hemorragia interna às portas de um hospital depois dos médicos recusarem tratá-lo.

Sow acusa os militares mauritanianos de se terem apossado de todos os bens da sua família. Afirmou que dois irmãos seus mais novos morreram na viagem para o Senegal. Disse também que os seus filhos estão na escola e que tem uma vida melhor no Senegal.

Um dos lideres dos refugiados, Mohamed Ali Sow, que deixou a Mauritânia quando tinha 10 anos, disse que está a estudar numa universidade no Senegal para se tornar num advogado para defender os direitos dos mauritanianos perseguidos.

Ali disse que o programa de repatriamento não está bem concebido, porque as pessoas que ficaram com as suas propriedades apreendidas, casas queimadas e sem os seus empregos, devem ter garantias de que vão ser ressarcidas. Até lá, afirmou, pensa que não é sensato voltar à Mauritânia.

XS
SM
MD
LG