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2007 Ano de Desafios Para ONU


2007 foi um ano de grandes desafios para as Nações Unidas, desde a crise no Sudão à brutal campanha contra manifestantes anti-governo na Birmânia. Vamos ver como esta organização mundial lidou com várias questões, e falar do desempenho do seu novo líder, Ban Ki-Moon. Ana Guedes

No final do ano passado, quando Ban Ki-Moon foi escolhido formalmente para secretário-geral das Nações Unidas, ele prometeu fazer as coisas sem grandes alardes: “Devemos ser mais modestos nas nossas palavras, mas não no nosso desempenho. A verdadeira medida do sucesso das Nações Unidas não é o quanto prometemos, mas aquilo que fazemos pelos que precisam de nós.”

Ki-Moon, um discreto antigo ministro dos negócios estrangeiros sul-coreano, considerou a sua selecção como prova da subida da Ásia no patamar mundial e notou que a modéstia é uma qualidade altamente valorizada na Ásia.

Ban Ki-moon parece mais confortável no terreno, interagindo com refugiados ou os capacetes azuis da ONU, do que como orador, perante vastas audiências.

Edward Luck da Academia Internacional da Paz, em Nova Iorque, é um perito nas Nações Unidas. Ele descreve Ban como determinado, resistente e prático: “Por vezes vejo-o como o primeiro secretário geral do operariado, alguém que puxa as mangas para cima e se lança ao trabalho. Não faz declarações ocas e não se dá ao grande protocolo.”

Ban herdou a tragédia da região sudanesa do Darfur. O conflicto matou, desde 2003, cerca de 200 mil pessoas e deixou deslocadas cerca de dois milhões e meio. As Nações Unidas aprovaram uma força de paz conjunta para a região composta por 26 mil soldados da União Africana-Nações Unidas. Mas o analista Chantal de Jonge Oudraat nota que a ONU teve dificuldade em obter o número de soldados e de equipamento suficiente para esta ambiciosa missão: “O problema é que a ONU não é capaz de gerar as forças necessárias para a colocação no terreno, e precisa de equipamento que não consegue obter”.

Por seu lado o analista Edward Luck concorda com os problemas com que se confronta a missão, mas mostra-se confiante no futuro dela: “Se a nova missão consegue o equipamento necessário, e é ainda uma incógnita, e se consegue a composição mista apropriada de militares africanos e não africanos algo que o regime de Cartum objecta, penso que com o tempo irá, de facto, fazer a diferença no Darfur”.

Os peritos concordam que Darfur continuará a ser prioridade da ONU em 2008.

Outra área problemática é a Birmânia. O investigador especial para a Birmânia diz ter insistido com os dirigentes militares birmaneses a envolverem-se num diálogo sério sobre direitos humanos, na sequência da sangrenta campanha contra os manifestantes pró-democracia.

Segundo um relatório da ONU, a campanha das forças de segurança birmanesas, em Setembro último, provocou pelo menos 31 mortos. Diplomatas e grupos dos direitos humanos dizem que permanecem na prisão um número desconhecido de manifestantes, na sua maioria monges budistas que estiveram à frente dos protestos, e que há novas prisões todos os dias.

Mas Edward Luck acredita que os esforços da ONU na Birmânia, desde a campanha violenta, têm sido positivos.

O enviado especial da ONU, Ibrahim Gambari, visitou a Birmânia várias vezes e planeia outra. Ban Ki-Moon diz que Gambari vai prosseguir os seus esforços de colocar na mesma mesa de negociações os generais birmaneses e a detida líder da oposição Aung San Suu Kyi, para sarar as feridas do país.

Outra questão para as Nações Unidas é a mudança climática mundial.

Os participantes numa conferência sobre clima patrocinada pela ONU, e que teve lugar em Bali em Dezembro, concordaram em negociar novo tratado sobre aquecimento global, até 2009. O acordo foi obtido após um apelo pessoal de Ban Ki-Moon aos delegados. A conferência estava num impasse devido a uma disputa entre a União Europeia e os Estados Unidos, que resistia aos esforços para incluir metas para a redução dos chamados ”efeitos de estufa”, num acordo final.

Neste ano também se assistiu à maior colocação de sempre capacetes azuis por todo o mundo.

E 2008 promete ser mais um ano de desafios, com a ONU a continuar a centrar a atenção nas questões de proliferação nuclear referentes ao Irão, Coreia do Norte, e nos conflitos, por resolver, no Kosovo, República Democrática do Congo, Iraque, Afeganistão, entre outros.

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