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Chefe do AFRICOM Dialoga com Líderes Africanos


O comandante do recém criado comando militar americano para a África, conhecido pela sigla AFRICOM,reuniu-se com líderes africanos, aos quais apresentou os propósitos da missão militar, que tem suscitado críticas no continente africano.

A tarefa do general William Ward passa agora pela persuasão dos críticos da iniciativa de que o novo comando militar em nada representará a militarização do continente africano.

Depois de expor os propósitos do AFRICOM ao actual líder da União Africana, o presidente Alpha Omar Konare, o general William Ward disse aos jornalistas que a estratégia do recém criado comando militar passa pelo convencimento dos africanos, de que a nova estrutura militar não constituíra, à partida, nenhum problema para um continente já com problemas de sobra. Disse o general Ward: “O comando dos Estados Unidos para África vai constituir uma mais valia para todas as acções de cooperação na área da segurança que assumirmos a pedido dos nossos amigos africanos. E, portanto, faremos isso sem prejudicar os esforços colectivos e substanciais em curso no continente”.

O AFRICOM foi oficialmente institucionalizado, no passado mês de Outubro, dias depois do general William Ward ter sido confirmado pelo senado americano, como o mais alto responsável por aquele comando militar.

Mas, é o próprio general de quatro estrelas a reconhecer que a iniciativa tem sido alvo de fortes críticas: “Nos últimos meses, muito se tem escrito a propósito do AFRICOM. Antes da minha confirmação para o cargo pelo Senado dos EUA, tinha sido, pelas circunstâncias, forçado a adoptar uma certa postura de silêncio face a esta questão”.

O comando militar para a África, o AFRICOM, foi criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para operar no continente africano, uma região do planeta que, em termos militares, se encontrava sob a alçada de três outros comandos continentais americanos.

Mas, decorrente de uma crescente preocupação suscitada por vários países africanos, tais como a Líbia e a África do Sul, a iniciativa começou a ser encarada como um primeiro sinal no sentido da expansão da influencia militar dos Estados Unidos no continente ou do próprio envolvimento de África na campanha movida por Washington contra o terrorismo internacional.

Numa declaração recentemente tornada pública, os chefes de estado maior das forças armadas dos países da África Ocidental alegavam que a iniciativa dos Estados Unidos não tinha sido perfeitamente compreendida pelos africanos, pelo que sugeriam mais esclarecimentos.

É, pois, com este propósito que o general William Ward, o comandante do AFRICOM, iniciou um primeiro périplo pelo continente africano para esclarecer aos líderes continentais sobre a filosofia do novo comando militar dos Estados Unidos para a África.

O general Ward nega que o AFRICOM possa vir a resultar numa militarização do continente africano: “Não está aqui subjacente nenhuma noção de militarização do continente. Isso é, absolutamente, falso. Não é o caso”.

Notícias postas a circular recentemente dão conta que o AFRICOM estaria, por outro lado, fazendo face a dificuldades relacionadas com a localização do seu quartel general, já que alguns líderes africanos teriam manifestado uma certa resistência em permitir que os seus países albergassem a sede daquela instituição militar americana.

Mas, um porta voz do AFRICOM disse que vários chefes de Estado reagiram de forma favorável à presença de um eventual quartel general do AFRICOM nos seus países e que a Libéria tinha, inclusive, manifestado a disponibilidade para acolher a futura sede daquele comando militar

Mas, segundo o porta-voz do AFRICOM e tal como as demais estruturas militares do género, o futuro quartel general deste recém criado comando poderá também ficar localizado nos Estados Unidos.

O general Wiliam Ward garantiu, entretanto, que uma decisão final na matéria só será tomada depois de consultas mantidas com os líderes africanos: “As coisas estão a andar... Não há ainda uma decisão final a este propósito. Qualquer decisão que vier a ser assumida será apenas com base em consultas com os nossos amigos, com os nossos parceiros. E só depois decidiremos”.

Sabe-se, por outro lado,que o futuro quartel general do AFRICOM contará com um orçamento de cerca de 250 milhões de dólares. Ou seja, três por cento dos gastos totais do governo dos Estados Unidos em África e que serão aplicados nomeadamente no treino e apoio à logística das forças de manutenção da paz continentais, a par do reforço do sector da segurança no continente africano.

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