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Iraque: EUA Ponderaram Pressão Sobre Luanda


Em, 2003, os Estados Unidos da América chegaram a ponderar o uso de pressões sobre Angola durante os debates no Conselho de Segurança da ONU, relativos ao uso de força contra o Iraque. O diário “The Washington Post” cita, na sua edição de quinta-feira, uma matéria do “El Pais”, o maior diário espanhol, que retoma um relatório do então embaixador de Espanha em Washington, Javier Ruperez.

De acordo com o documento, durante uma reunião entre Bush e o então chefe do governo espanhol, José Maria Aznar, no rancho do presidente norte-americano, em Crawford, Texas, George Bush teria aludido ao uso de pressões sobre os então membros do Conselho de Segurança. Bush teria concordado com uma sugestão de Aznar, segundo a qual se deveria continuar a persuadir os membros do Conselho a apoiarem uma iniciativa norte-americana favorável ao uso da força, tendo dito também que países como Angola, México, Camarões e Chile tinham que entender que o que estava em causa era a segurança dos EUA. Bush teria dito igualmente que Angola estava a receber fundos relativos ao programa Desafio do Milénio, e que uma indefinição poderia resultar no congelamento deste acordo.

Fonte diplomática angolana contactada pela Voz da América disse que em momento algum Angola foi pressionada nestes termos. A nossa fonte recordou o facto de que, poucas semanas antes da invasão liderada pelos EUA, Angola recebeu a visita de Collin Powel na altura Secretário de Estado, bem como do então ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Dominique de Villepin. Pelas mesmas razões acrescentou a nossa fonte, estiveram em Luanda, diplomatas russos e britânicos e também estes evitaram qualquer pressão dessa natureza. Entre esta visita e a invasão, Angola enviou a Nova Iorque e a Washington, o seu vice-ministro das Relações Exteriores, George Chicoti, que, na altura, disse que não deveriam ser os países menos fortes a carregarem o ónus de uma decisão desta natureza.

George Chicoti foi também quem falou em nome do governo perante o parlamento do seu país, cujos deputados quiseram saber que decisão tinha sido tomada. A circunstância de não ter havido uma votação no Conselho de Segurança relativo ao uso da forca poupou o governo de Angola de um pronunciamento definitivo. Fonte da administração contactada pelo “Post” admitiu ter havido o referido encontro em Crawford, mas não pode precisar a veracidade de alguns detalhes, tais como a disponibilidade de Saddam Hussein partir para o exílio com dois mil milhões de dólares e um dossier sobre armas nucleares.

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