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Agrava-se o Conflito no Kivu Norte


Na República Democrática do Congo, mais tropas estão a ser enviadas para a problemática região do Leste do país, após uma semana de ferozes combates. O líder dissidente, o general Laurent Nkunda, afirma que as suas forças estão sob ataques lançados pelos militares, mas o governo argumenta que está a tentar estabilizar a situação através de negociações, em vez do uso as força.

Esforços para integrar os combatentes de Nkunda num exército unificado post-conflito têm fracassado repetidamente.

O ministro da Defesa da República Democrática do Congo, Chikez Diemu, disse à VOA que o governo congolês quer estabilizar o Kivu Norte através do diálogo: ”O papel do governo é mostrar o seu empenhamento num diálogo pacífico como meio para encontrar uma solução durável no que diz respeito à segurança”.

Mas, o general renegado Laurent Nkunda, contactado para o seu telemóvel, afirma que o governo tem vindo a transportar, por via aérea, soldados e munições para a região desde sexta-feira e que se recusa a negociar: “Pensamos que o governo travou o processo de paz e penso que escolheu a guerra”.

Nkunda repetiu as suas posições de que está a proteger a etnia tutsi naquela região contra o exército, o qual acusa de estar aliado com os antigos rebeldes de etnia hutu do Ruanda: “Decidimos protestar, nós mesmo e o nosso povo, e iremos morrer, se não formos capazes de pôr em prática muitos dos nossos projectos”.

Os combates começaram na semana passada, depois de quatro soldados do exército terem sido mortos numa emboscada. O exército congolês nega ter quaisquer ligações aos antigos rebeldes hutu, mas terminou recentemente uma campanha destinada a dar-lhes caça.

O analista sénior do Grupo Crise Internacional, Janson Stearns, afirma que renovados distúrbios seguiram-se à decisão do governo de desmantelar algumas brigadas mistas, constituídas por tropas de Nkunda.

Diz Stearns que o governo esperava que o poder de Nkunda se diluísse, caso as tropas do antigo general fossem absorvidas pelo exército, mas esse plano falhou.

Stearns adverte que a principal preocupação é que o actual confronto possa resultar num conflito regional, adiantando existir o risco de que, se o exército congolês for incapaz de, por si só, de derrotar os homens de Nkunda, possa então optar por uma aliança com os antigos rebeldes hutu: “Se uma tal aliança existir, então isso poderá levar, muito rapidamente, à regionalização do conflito. O Ruanda, penso eu, estaria fortemente inclinado a apoiar Nkunda. E, por conseguinte, estaríamos perante a regionalização do conflito, o que poderia provocar danos irreparáveis nas relações entre o governo congolês e do Ruanda”.

No Leste do Congo, jornalistas referem que três brigadas formadas por mais de seis mil homens se encaminham, neste momento, para o Kivu Norte. Mas, sublinham que nenhuma dessas forças tomou posições para atacar e que, depois de uma inicial intensa troca de tiros, a situação não evoluiu para novos combates.

OMNE do Ruanda, Charles Murigande iniciou uma visita de trabalho de três dias a Kinshasa, durante a qual se irá reunir com o presidente congolês Joseph Kabila e com outras destacadas individualidades. Murigande disse estar a tentar ajudar a resolver a situação de insegurança no Leste do Congo.

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