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Samakuva à VOA:Queriamos uma Vitória Que Marcasse a Diferença


Há pouco mais de uma semana, colocados perante o presidente cessante Isaías Samakuva, e o deputado Abel Chivukuvuku , os delegados ao 10º congresso da UNITA escolheram o primeiro, numa proporção desnivelada . Porém e conquanto remeta para os delegados as razões para tão desequilibrado escrutínio, Isaías Samakuva diz que no fundo no fundo, não havia grandes diferenças entre ele, e o deputado.

VOA- A sua reeleição era uma coisa perfeitamente admissível. Já não posso dizer o mesmo em relação à diferença de votos que o separou de Abel Chivukuvuku, sobretudo se levarmos em conta o facto de haver dois contendores e de ambos pelos vistos irem ao congresso bem acompanhados.

IS- Quando nos preparamos para uma eleição temos que ter em conta dois cenários: de vitória ou de derrota. O que eu fiz foi trabalhar para uma percentagem que marcasse claramente a diferença, e felizmente foi este o resultado. Só lhe posso dizer que era isto que procurávamos.

VOA- Então o que lhe diz uma vitória expressiva como esta?

IS- Eu não posso interpretá-la como sendo uma vitória pessoal. Representou, sobretudo, a maturidade dos militantes da UNITA, que exerceram um direito democrático, que é um direito de todos no partido, mas que deveria ser também um direito de todos os cidadãos do país. Por conseguinte é uma vitória de todos os membros da UNITA, e é assim que ela será gerida.

VOA- Por certo que leu a coluna de João Melo na edição de segunda-feira do Jornal de Angola, onde a determinado ponto ele diz que a UNITA quer continuar a ser um partido rural, sendo que a sua vitória representa um paradoxo entre o que o senhor foi, e para onde leva a UNITA...

IS- Eu também li este artigo. A vitória no congresso representou a necessidade que a UNITA tem de continuar a explicar que os princípios, os valores e as posições fundamentais que ela defende são modernos e actuais. Quando fomos para o congresso com um lema que defendia a reafirmação da nossa identidade política estávamos apenas a defender exactamente a modernidade, a liberdade, a democracia assegurada pelo voto do povo através de vários partidos políticos; estávamos a falar da soberania expressa na vontade do povo, primando sempre os interesses dos angolanos da igualdade entre nós, e do princípio segundo o qual na busca de soluções económicas devemos priorizar os angolanos para beneficiarmos toda a sociedade. Como vê, estes principio são completamente actuais.

VOA- Quer dizer que não se revê no artigo de João Melo?

IS- De forma nenhuma. E eu logo que tenha tempo vou procurar o deputado João Melo, que é uma pessoa que eu prezo muito. Muitas vezes quando falamos nos princípios da UNITA há tendência de se pensar que estamos a ir para trás, e que somos retrógrados. Os valores da UNITA são aqueles que visam a preservação da justiça, da solidariedade social, dos direitos do homem e da democracia. Eu dizia durante a campanha que parecia que havia pessoas na UNITA que estavam a pôr de parte estes princípios. A solidariedade entre nós já não é a mesma como aquela que conhecemos em tempos passados. O espírito de justiça também parece não ser o mesmo. Parece até que as pessoas já não queriam gerir-se por este principio. Nos gostaríamos de ver se os delegados estavam de acordo com a reafirmação da validade destes princípios, porque na verdade são eles que fazem a identidade da UNITA.

VOA-O senhor e o deputado Abel Chivukuvuku chegaram ao congresso com mensagens diferentes. O que lhe pareceu que terá levado Abel Chivukuvuku a perder a eleição como perdeu?

IS- Não encontrei nenhuma diferença nas mensagens que levámos ao congresso. A diferença que encontrei em tudo que foram os nossos pronunciamentos estava no dinamismo que o meu colega prometia. Ele dizia que o nosso mandato era dominado por um imobilismo pelo que era necessário impor dinamismo, mas em termos de programa não vi diferença nenhuma, o que também me agradou, pois afinal não estamos em diapasões diferentes. Acreditamos todos nos princípios e nos valores que a UNITA acredita desde a sua fundação.

VOA- O que terá levado então a grande maioria dos delegados a correrem para o seu lado ao invés de acompanharem Abel Chivukuvuku.

IS- Só os delegados o podem responder a esta pergunta.

VOA- Como é que o senhor vai preparar a UNITA...Vai fazê-lo acreditando na realização de eleições no próximo ano?

IS-Definitivamente! A realização de eleições é importante, e prioritária. A UNITA terá de se juntar às forças políticas e não só, que buscam a realização de eleições num curto espaço de tempo. Elas estão previstas para o próximo ano, e tudo que vamos fazer é trabalhar no sentido de fazer cumprir este prazo. As legislativas serão aquelas que vão determinar a nossa estratégia e os nossos programas de acção, e todo o nosso esforço vai no sentido de fazer com o que nosso partido venha a ter resultados positivos nas eleições.

VOA- O senhor há 4 anos criou um modelo e uma equipa, voltou a ganhar as eleições, pelo que é suposto que venha a criar outra equipa... como será desta vez? Haverá caça às bruxas..?

IS- Nunca fizemos caça às bruxas. Se se recorda em 2003 a primeira coisa que fizemos foi convidar colegas que estavam envolvidos com a candidatura oposta para trabalharem connosco. Trata-se de um partido onde os quadros são sempre os mesmos... e estamos agora a trabalhar no sentido de recrutar novos quadros, mas os antigos estão ai, muitos deles com muita imaginação, energia e experiência, de maneira que não podemos pô-los simplesmente de parte. Haverá rotação, teremos algumas caras novas, caras antigas, mas caça às bruxas não haverá de certeza. Seja como for, com a nova equipa iremos nos preparar para os desafios que se seguem.

VOA- Quando pensa que o novo secretariado estará constituído?

IS - Creio que em meados da próxima semana a nova equipa esteja constituída.

VOA- A última a vez que falou com o presidente da república a dois foi em Setembro, e foi também o encontro que precedeu a controvérsia sobre um acordo entre vocês e sobre a controvérsia à do salazarismo.. O senhor tem em vista algum encontro com o presidente José Eduardo dos Santos?

IS- Para mim o diálogo entre dirigentes da UNITA, com dirigentes do MPLA e do governo a todos os níveis é importante. Não podemos descartar por e simplesmente a possibilidade de haver estes encontros. Há situações que ainda precisamos debater, e avaliar para ver como nos conduzimos em relação aos objectivos nacionais. Tomo como positivo que falemos e troquemos impressões sobre questões que podem determinar os destinos do nosso país.

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