Links de Acesso

Angola Estica a Corda


A predisposição combativa que animou Angola no contencioso com Portugal sobre as cartas de condução e os vistos de entrada, parece orientar o caminho a seguir no braço de ferro com a Europa relativamente à circulação dos seus aviões no espaço aéreo europeu.

Com efeito, salvo qualquer imprevisto, Angola deverá responder em proporção idêntica ,à medida tomada esta quarta-feira pela União Europeia de interditar a entrada no seu espaço aéreo, de aviões da sua companhia TAAG, Angola Airlines, soube a Voz da América de fonte oficial angolana.

Angola apenas aguarda por uma notificação dos países membros com quem tem ligações áreas, o que deverá acontecer esta quinta-feira após a publicação da decisão, no Jornal Oficial das Comunidades Europeias.

Na quarta-feira a Comissão Europeia aprovou a recomendação de uma comissão de técnicos de proibir a entrada e circulação de aviões da TAAG no seu espaço aéreo devido ao que chamam de repetição sistemática de deficiências nos sistemas de segurança. O mote foi a contínua ausência de manuais nos aviões que a companhia usa nas ligações para Paris. De resto o problema foi levado à comissão pelas autoridades francesas, que há mais de um ano vinham pressionando a TAAG no sentido de eliminar as violações registadas nas suas operações.

Fontes da Comissão Europeia disseram à imprensa em Bruxelas que as preocupações relativamente à segurança da TAAG remontam a Abril de 2006 tendo desde então sido estabelecidos múltiplos contactos com a companhia e com as autoridades angolanas.

Em Luanda, executivos da companhia confirmaram a ocorrência de contactos entre as duas partes, que não progrediram o suficiente porque o antigo conselho de administração minimizou as advertências de Bruxelas.

Perante este impasse a União Europeia, sob recomendação das autoridades francesas incluiu a TAAG numa lista negra de 51 companhias que a partir desta sexta-feira ficam impedidas de entrar no seu espaço aéreo.

Fontes da indústria aeronáutica disseram que Paris já não tinha aceite bem o facto de o comandante do primeiro voo para Paris do novo Boeing 777, ter sido o mesmo que comandava o Boeing 747 da companhia angolana que em Novembro de 2005 despistou-se no aeroporto de Paris.

O comandante em questão, teria sido despromovido pela companhia e interdito de voar na Europa, tendo voltado ao leme como comandante após ter passado nos testes para os novos aviões, acabando, por conseguinte por ser reconduzido.

Segundo Bruxelas as autoridades angolanas revelaram também elas falta de capacidade para implementarem e fazerem cumprir os padrões de segurança colocados durante as inspecções. A União diz reconhecer os esforços empreendidos pela companhia angolana, ressaltando que falta cumprir partes importantes de um plano de acção correctivo.

A TAAG teria sido também penalizada pelo facto de alegadamente vir a arrastar a execução de recomendações acordadas em 2001 com a IATA, no âmbito do IOSA, programa de auditoria Operacional e de segurança.

Peritos da IATA deverão visitar Angola em setembro para fazer um novo levantamento ao sistema de operação da companhia.

Entretanto fonte oficial angolana disse que a decisão da União está eivada de má fé.

Perante a decisão da União Europeia, Luanda decidiu retaliar tendo para já retirado à British Airways a licença para exploração da Linha Luanda Londres.

Os outros casos, ou seja, TAP, Air France e Brussells Airlines, serão tratados à medida que Luanda for recebendo indicação da interdição da entrada dos seus aviões na Europa.

Funcionários da aviação civil angolana disseram à Voz da América que Luanda chegou a ponderar a execução de uma retaliação selectiva, o que atingiria essencialmente a Air France companhia cujo governo liderou o processo contra a TAAG. A ideia pelos vistos foi abandonada após ter-se concluído que uma excepção para companhias como a TAP retiraria a Angola um instrumento de pressão, pois a TAP é a companhia europeia que mais voa para Angola, isto é sete vezes por semana. Angola alega que as autoridades francesas excederam-se no seu zelo, porque o que está em causa não afecta a segurança dos passageiros. Nós somos os mais interessados na segurança.

Fontes da aviação civil portuguesa estimam que viajem entre Luanda e Lisboa todos os meses, cerca de 30 mil pessoas. No total a TAP e a TAAG fazem 34 voos mensais entre as duas capitais.

Entretanto a porta-voz do comissário europeu Michele Cercone, disse que uma eventual retaliação de Angola apenas irá atrasar a resolução do problema. Fontes comunitárias disseram que Angola estava a criar um problema diplomático quando devia olhar para a questão do ponto de vista estritamente operacional. À cautela a TAAG antecipou para esta quinta-feira de manhã o voo que deveria seguir para Lisboa na sexta-feira de manhã. Deste modo o avião sairá de Lisboa pouco antes da meia noite, altura em que entrará em vigor o bloqueio europeu.

Depois disso a TAAG deverá recorrer aos TACV de cabo Verde e a outras companhias com quem está a negociar acordos para o transporte dos seus passageiros entre Lisboa e o Sal.

XS
SM
MD
LG