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Um Problema Internacional


– Um coleccionador de arte americano devolveu ao Quénia, nove estatuetas esculpidas, conhecidas por “vigango”. A devolução acontece duas décadas depois de elas terem sido saqueadas de sepulturas naquele país africano. A venda de arte roubada constitui um problema internacional.

Especialistas estimam que pelo menos 400 dessas estatuetas “vigango”, avaliadas em milhares de dólares cada uma, estão na posse de colecções de indivíduos e de museus por todo o mundo. Pelo menos 19 museus nos Estados Unidos exibem essas estatuetas.

Kelly Gingras, vendedora de arte no Estado de Connecticut, descobriu as nove estatuetas numa venda de bens de um proeminente casal de Nova York, Jay Presson e Lewis Allen, conhecidos pela sua ecléctica colecção de arte. Gingras obteve permissão da filha do casal para exibir as estatuetas na sua galeria de arte. Disse que o que aconteceu de seguida foi uma surpresa.

“Escrevi a palavra vigango e Kenya no motor de busca Google, na Internet, porque eu investigo tudo o que ponho a venda e paginas e paginas aparecerem pedindo as pessoas para devolverem esses totens fúnebres”.

Não se sabe quantos vigangos foram saqueados nas ultimas décadas em locais de sepultura e casas em aldeias ao longo da costa do Quénia.

Jonathon Reyman é um antropólogo do museu da Universidade do Estado do Illinois. O seu museu tem cerca de 40 vigangos e recentemente devolveu um depois de ter sido contactado através do Museu Nacional do Quénia por membros de uma família queniana que tinha provas de que a estatueta lhes pertencia.

Reyman disse ser muito difícil provar a propriedade dessas estatuetas.

“Algumas delas são muitas distintas. Outras, devido ao tempo, tornam-se quase indistintas nas suas características, por isso e muito difícil, penso eu, para as mais antigas serem reclamadas com base numa fotografia. Não tenho a garantia de que a foto seja bastante distinta”.

Reyman afirmou que as pessoas que pensam que possam ter tido bens seus roubados devem contactar os museus locais e enviar noticia com a maior informação possível.

Disse que os museus não podem ignorar o comércio ilícito de arte.

“Penso que é um problema grave. Não posso dar um montante em dólares, mas penso que e um problema grave. Também e no que diz respeito ao comércio de marfim e partes de animais. Trata-se de um problema a nível mundial e não só limitado a África.”

A Interpol estima que o comércio em propriedade cultural não-ocidental está avaliado em biliões de dólares por ano a nível mundial.

Este ano, o Conselho Internacional dos Museus publicou uma lista de antiguidades afegãs em risco de serem contrabandeadas para fora do Afeganistão. Elementos do Conselho disseram que lugares e monumentos no Afeganistão estão a ser sistemáticamente saqueados.

O mundo cultural ficou ultrajado pelo saque massivo dos museus iraquianos e locais históricos que ocorreram há quatro anos depois da invasão americana.

Instituições culturais russas têm sido assoladas com roubos desde o inicio dos anos 90 quando os fundos para a sua preservação foram reduzidos. Um tribunal russo condenou o marido de uma antiga curadora de museu a cinco anos de cadeia este ano após ter sido responsabilizado pelo roubo de valiosos objectos de arte do famoso Museu Hermitage em São Petersburgo.

No que diz respeito aos vigango, no Quénia, jovens pobres são responsáveis por muitos dos roubos como forma de ganharem dinheiro rapidamente de comerciantes e coleccionadores interessados.

Kely Gingras afirma entender que muitas pessoas compram arte como um investimento, esperando que as suas colecções ganhem valor com o tempo. Disse que mais pessoas irão provavelmente devolver as suas pecas as autoridades se receberem algum tipo de compensação em vez da perda tanto da arte como de dinheiro.

“Penso que mais pessoas aparecerão e dirão” sim, gostaria de devolver “e então não se sentirão tão mal porque receberão algo em troca”.

Mas tanto Reyman como Gingras dizem esperar que outras pessoas sejam inspiradas pelas suas acções de devolverem arte roubada.

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