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Egipto: Irregularidades Eleitorais Preocupam os EUA


O Departamento de Estado descreveu, ontem, como preocupantes as informações de que houve intimidação de votantes, bem como outras irregularidades nas eleições realizadas no princípio da semana para a câmara alta do Parlamento egípcio, o Conselho Shura.

Fontes oficiais, em Washington, afirmam que informações sobre votos metidos a monte nas urnas e outros abusos que terão sido cometidos constituem uma grave preocupação e que o Egipto, enquanto líder regional das reformas políticas, deveria estabelecer um exemplo para o mundo árabe.

Os egípcios foram votar, na segunda-feira, para a primeira volta das eleições para o Conselho Shura ao abrigo das emendas constitucionais aprovadas em Março e que deram à câmara alta – previamente um corpo meramente consultivo – alguma, ainda que limitada, autoridade legislativa.

As emendas reduziram também os partidos políticos de base religiosa, numa iniciativa governamental vista como destinada a limitar a influência da Irmandade Muçulmana, oficialmente proibida, mas cujos membros, concorreram como independentes em 2005, e se tornaram no maior bloco político no Parlamento.

Informações recebidas, na segunda-feira, referem que forças de segurança impediram votantes de depositar os seus votos em alguns distritos onde a Irmandade Muçulmana é considerada popular e um grupo de observadores egípcio alegou que uma das urnas foi cheia de votos irregulares, para além de se terem registado casos de suborno noutros círculos eleitorais.

O partido no poder, do presidente Hosni Mubarak, ganhou 69 dos 88 lugares em disputa, enquanto que a Irmandade Muçulmana não obteve nenhum.

Durante a habitual conferência de imprensa no Departamento de Estado, o seu porta-voz, Sean McCormack manifestou preocupação: “Muito embora o governo egípcio tenha feito alguns progressos na abertura do seu sistema político têm-se registado alguns incidentes preocupantes, tais como aqueles que têm sido citados nestas eleições parlamentares.”

A pressão americana no sentido de se registarem reformas políticas no Egipto tem provocado algumas fricções nas relações bilaterais. Na semana passada, depois do presidente Bush ter apelado para a libertação do líder da oposição, Ayman Nour, o MNE egípcio, Ahmed Aboul Gheit, acusou o presidente americano de interferências inaceitáveis nas questões internas do Egipto.

Na terça-feira, uma comissão da Câmara dos Representantes dos EUA votou no sentido de bloquear 200 milhões de dólares de ajuda militar ao Egipto, até que este país melhore a sua conduta no que toca ao respeito pelos Direitos Humanos. Esta decisão terá ainda que se debatida ao nível do Senado.

Para que atribuição daquela verba seja finalmente aprovada, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, terá que certificar que o Egipto fez progressos na área dos Direitos Humanos e nas operações destinadas a combater o tráfico ilegal de armas para os militantes palestinianos, na Faixa de Gaza.

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