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Guine Bissau: Apreensão de Droga Revela Conivência dos Militares Com o Trafico


O director executivo da Agencia das Nações Unidas para o combate a Droga e ao Crime, António Maria Costa elogiou a policia de investigação guineense pela apreensão ontem de 635 quilos de drogas, numa das mais importantes operações de apreensão de droga registadas no país.

A droga em questão teria sido desembarcada num aeródromo desactivado de Cufar, no sul do país, entretanto interceptada pela policia judiciaria em Jugudul, Mansoa no centro do país.

No comunicado, o director executivo daquela agencia da ONU, lamenta, entretanto o facto dos traficantes terem conseguido escapar com cerca de duas toneladas e meia de cocaína ante a impotência das autoridades policiais que se debateram durante a operação com a falta de meios de combate a esse tipo de crime.

Desconhece-se para já os contornos da operação, mas sabe-se que na base da fuga dos traficantes com o importante carregamento de droga, terão estado factores tais como a insuficiência de meios humanos e veículos.

A VOA tentou, entretanto, mas sem sucesso apurar junto do director da judiciaria guineense, os dados da operação, mas Orlando Silva recusou pronunciar-se a propósito.

Entretanto, os agentes daquela força de investigação criminal abordados pela VOA, preferiram faze-lo na condição de anonimato, por temerem represálias tanto da parte dos traficantes como de elementos da chamada conivência interna ao trafico de droga, aparentemente ligados às estruturas militares.

Para já se sabe que entre os detidos encontra-se o capitão Rui Naflack, um oficial militar tido como próximo dos círculos da actual chefia das FAA guineenses.

De realçar que com esta apreensão e perante a eventualidade da confirmação da detenção de alegados elementos ligados a estruturas castrenses locais fica assim desvendado a tão propalada conivência entre os traficantes e os militares guineenses.

Uma hipótese tantas vezes aventada pela opinião publica nacional, outras tantas desmentida pelas autoridades militares, criminais e governamentais do país, entretanto denunciada tanto pela imprensa internacional como pela própria Agencia da ONU para o Combate a Droga e ao Crime.

Alias, as provas do envolvimento dos militares com a rede de trafico de droga no país, são referidas no comunicado da Agencia das Nações Unidas para o Combate a Droga a que a VOA teve acesso, pelo seu próprio director executivo.

No comunicado a que temos estado a fazer referencia, António Maria Costa exorta ainda as autoridades governamentais “assegurarem que a cocaína apreendida seja eliminada de forma verificável sem margens para eventuais extravios como sucedido num passado recente”.

Aquele alto funcionário da ONU relembra ainda a obrigação legal dos governos nacionais de combaterem o trafico e de agirem contra a corrupção que dela decorre, dentro das respectivas fronteiras nacionais.

Esta a expectativa geral em Bissau, “a de ver para crer”, que medidas urgentes sejam adoptadas tanto pelo governo como pelas chefias militares na lavagem de mais esta nódoa a manchar a já duvidosa reputação das estruturas militares e por tabela as próprias autoridades governamentais do país.

Realce-se que a VOA conseguiu ainda apurar de fonte segura que decorrente de receios envolvendo a transparência e a seriedade no manuseamento dos 635 quilos de droga pelas autoridades judiciais e policiais do país, a cocaína apreendida, cujo valor está calculado em cerca de 54 milhões de dólares no mercado europeu será por pressão das Nações Unidas, destruída hoje, algures no país.

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