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União Africana Tenta Moderar Mugabe


O presidente John Kufuor, do Ghana, que assume, neste momento, a liderança rotativa da União Africana, qualificou os recentes acontecimentos no Zimbabwe como “deveras embaraçosos”, adiantando que a organização que dirige está a fazer tudo ao seu alcance para ajudar o Zimbabwe nas suas dificuldades.

As declarações de Kufuor foram feitas, na quarta-feira, em Londres, onde se encontra em visita oficial. O presidente Kufuor disse perante uma sessão, no Royal Institute para as Questões Internacionais, de Londres, que, apesar da evolução política no Ghana ter conhecido algumas melhorias, a situação do desrespeito dos Direitos Humanos continua sendo uma infeliz realidade em vários países africanos, em particular no Zimbabwe.

A recente onda de violência e de brutalidade policial no Zimbabwe cativou a atenção mundial para a realidade dos Direitos Humanos em franca deterioração naquele país da África Austral, onde o presidente Robert Mugabe é acusado pelos seus opositores de repressão, corrupção e responsabilidades pela degradante situação económica e financeira por que passa o país, com destaque para a inflação, por sinal a mais elevada do mundo.

A maior parte dos países vizinhos do Zimbabwe foram criticados pela comunidade internacional por nada ou pouco terem feito para travar a onda de repressão protagonizada pelo regime do presidente Mugabe.

Num comentário perante a rede de televisão britânica, BBC, o embaixador dos Estados Unidos em Harare, Christopher Dell, manifestou-se desapontado com o que rotulou de passividade dos Estados vizinhos, incluindo a África do Sul face ao sofrimento dos zimbabweanos.

Mas, para o presidente do Ghana, John Kufuor, os líderes da Nigéria, da África do Sul e dos demais países africanos reagiram e bem perante a crise no Zimbabwe: “A União Africana está numa posição muito desconfortável. Conheço pessoalmente presidentes como Olusegun Obasanjo, Thabo Mbeki e outros, que tentaram, até aos limites do possível, exercer uma certa influência para melhor, mas embateram com uma rígida resistência. O que é que Mbeki, só por si, pode fazer contra o Zimbabwe ? De várias formas, estamos a tentar exercer alguma influência. Deixe que vos diga, encaramos de forma séria o problema”.

Mas, ontem, pelo menos um país africano deu mostras de desejar fazer algo mais, a esse propósito.

Trata-se, precisamente, da Tanzânia, cujo presidente, Jakaya Kikwete, se deslocou a Harare para manter conversações com o seu homólogo zimbabweano, Robert Mugabe.

Segundo funcionários tanzanianos, espera-se que Kikwete, um diplomata e promotor da paz, consiga acalmar os ânimos no Zimbabwe.

A Tanzânia é um dos três países da África Austral designado pela organização regional para tentar apaziguar a situação no Zimbabwe.

Mas, os manifestantes que, em diversos instantes, interromperam ontem o discurso do presidente do Ghana, John Kufuor, no Royal Institute de Londres, estão seguros de algo mais deve ser feito para conter os excessos de Mugabe no poder.

E é precisamente esse o caso de Brilliant Pongo: “Nós esperávamos deles uma condenação do que aconteceu no Zimbabwe. Tem havido muita diplomacia frouxa, nos bastidores. Continuam a dizer que estão a agir nos bastidores. Mas, os frutos dessa diplomacia não são conhecidos. Por essa razão, estamos aqui para manifestar o nosso descontentamento com a situação no Zimbabwe”.

O sentimento dos manifestantes em Londres acaba por reflectir o de muitos outros zimbabweanos no Zimbabwe sentem e que alegam que, apesar do país ter, em 1980, conquistado a independência do poder colonial com Robert Mugabe no poder, os Direitos Humanos básicos continuam a ser espezinhados.

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