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Nino Vieira Aconselha Lassana Conté


O presidente da Guiné-Conackry, envolvido num braço de ferro com os sindicatos nacionais, tem estado a ser aconselhado pelo seu homólogo da Guiné Bissau, Nino Vieira.

Segundo observadores nas capitais dos dois países vizinhos, do chefe de Estado bissau-guineense terá, inclusivé, partido o conselho para que Lassana Conté acatasse algumas das exigências dos sindicatos.

Verdade ou não, o certo é que, se as recomendações de Nino Vieira terão ou não merecido a anuência de Lassana Conté, os resultados tardam a ser visíveis.

Consequentemente, os sindicatos na Guiné-Conackry decidiram estabelecer o próximo dia 12 de Fevereiro como a data limite para que o líder guineense Lassana Conté nomeie um novo primeiro ministro, sob pena de retomarem a greve de protesto.

O presidente Lassana Conté, que vinha insistindo em rejeitar qualquer possibilidade de mediação externa ao diferendo que o opõe aos sindicatos nacionais, nomeadamente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a CEDEAO, acabou por ceder à intervenção do presidente Nino Vieira.

Para o analista Richard Reeve, do Royal Institute para as Questões Internacionais, com sede em Londres, a rejeição de qualquer intervenção de mediação externa, ainda que seja dos países vizinhos é uma característica própria do estilo de governação do presidente Lanssana Conté.

Uma particularidade que acaba por resultar num cada vez maior isolamento de Lassana Conté face aos potenciais aliados no continente africano. E Nino Vieira posiciona-se, neste particular, como uma excepção.

Os dois líderes mantêm uma longa relação de amizade que data dos tempos da luta pela independência da então Guiné-Bissau sob domínio colonial de Portugal, quando Lanssana assumia o papel de elemento de ligação do então regime do presidente Sekou Turé e a guerrilha independentista do PAIGC.

“ Nino Vieira é o mais próximo aliado regional de Conté e Lassana Conté, de Nino Vieira. Ambos os homens estão isolados na região, mas tem laços históricos que remontam aos anos 60 durante, durante o período da luta pela libertação da Guiné Bissau. Existe, por conseguinte, entre ambos um compromisso de cooperação em termos de segurança.”-

Basta aqui recordar que, durante o conflito militar na Guine Bissau, que culminou em 1999, no derrube do presidente Nino Vieira, tropas da Guiné Conackry de Lassana Conté intervieram naquele conflito interno, ao lado das forças leais a Nino Vieira.

E, durante as recentes greves e manifestações sindicais na Guiné Conackry, que resultaram em pelo menos meia centenas de mortos, aventou-se uma alegada presença de militares bissau-guineeses em apoio das forças de segurança de Conackry, na tarefa de contenção dos manifestantes.

Um facto que Bissau nega e desmente, mas que aparentemente poderá ter estado fora do controlo das actuais estruturas castrenses, já que uma das componentes das forças que defenderam Nino Vieira durante a rebelião militar liderada pelo brigadeiro Ansumane Mané, os conhecidos “ Aguentas” recrutados em pleno conflito, foram treinadas em Conackry.

Sabe-se, por outro lado, que com a queda de Nino Vieira em 1999, parte desses militares, fugindo à perseguição da então Junta Militar, refugiaram-se naquele país vizinho.

Mas, para o analista Richard Reeve, sendo a Guiné Bissau o mais pobre país da região, tem pouco mais do que soldados , e num gesto simbólico, Bissau teria para enviado uma força para a vizinha Guiné Conackry.

“Mesmo se as pessoas enviadas, representassem nada mais do que um simples gesto de cooperação entre os dois regimes, contrariando a ideia de que a iniciativa teria partido de um pedido de Nino Vieira.

Os conselheiros dos dois líderes africanos confirmaram que, de facto, Lassana Conté telefonou ao seu homólogo guineense durante as violentas manifestações de protesto, pelo que este ter-lhe-ia sugerido a acatar a principal reivindicação dos sindicatos do pais, nomeadamente a indigitação de um novo primeiro ministro.

Para Richard Reeve, do Instituto para as Questões Internacionais, com sede em Londres, a nomeação de um novo primeiro ministro impõe-se como uma difícil tarefa para o presidente Lassana Conté, facto que, segundo aquele analista, tem levado o líder guineense a adiar o quanto possível uma tomada de decisão a propósito.

“ Conté não é muito propício a mudanças de comportamento que coadunem com as situações e as exigências do momento . Mesmo quando são urgentes as tomadas de decisões”.

Este analista recorda ainda que no passado o presidente Lassana Conte levou tempos a tomar decisões sobre assuntos do género.

Recorde-se que os sindicatos daquele país da África Ocidental justificaram a greve de protesto a uma alegada corrupcão no seio do governo e ao agravamento das dificuldades económicas financeiras dos trabalhadores guineenses.

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