O governo etíope afirma ter impedido um ataque bombista na sua capital, Adis Abeba, orquestrada pelo governo da Eritréia, pouco antes de ter arrancado a cimeira dos chefes de estado da União Africana, onde estiveram presentes mais de 35 presidentes e o novo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon.
A cimeira terminou terça-feira, mas as autoridades etíopes apenas falaram da fracassada tentativa, pela primeira vez, na quinta-feira, através da imprensa estatal, que mostrou imagens dos materiais explosivos alegadamente colocados pelo agente eritreu.
Bereket Simon, conselheiro especial do primeiro-ministro etíope Meles Zenawi, diz que o seu governo descobriu explosivos em pontos estratégicos, por toda a cidade. E acrescentou que tinham o agente, responsável pelos explosivos, sob custódia: ” Era um agente eritreu...que estava a preparar-se para fazer explodir as minas...em diferentes áreas sensíveis. Ele tinha uma missão a cumprir, frisa Bereket acrescentando que o indivíduo se encontra agora sob custódia das autoridades etíopes e que em breve haverá um comunicado sobre o assunto.
A reivindicação etíope surge na sequência de uma redução do pessoal das Nações Unidas integrado na missão de manutenção de paz que patrulha a fronteira etíope-eritreia. Contudo, na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas disse em Bruxelas que estava preocupado por estar a surgir uma nova guerra entre os dois países rivais.
A Etiópia acusa a Eritréia de colocar bombas no seu território e de apoiar grupos rebeldes que levam a cabo uma insurreição de baixa intensidade contra o governo de Adis Abeba.
Por seu lado o porta-voz presidencial da Eritréia e conselheiro especial, Yemani Gebremeskel disse esta sexta-feira que a afirmação era ”ultrajante” acrescentando “esta é mais uma tentativa deliberada de fabricar histórias para desacreditar o governo eritreu”.
Nenhum responsável eritreu participou na recentemente concluída cimeira da União Africana.
A Eritréia obteve a sua independência da Etiópia em 1993, após 30 anos de guerra de guerrilha. Mas a questão da fronteira nunca ficou resolvida. Entre 1998 e 2000, os dois países estiveram envolvidos numa guerra territorial, e a região fronteiriça é agora patrulhada por capacetes azuis das ONU.