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Petróleo em São Tomé e Príncipe


Devido a previsões de geólogos nos finais dos anos 90 de que poderia haver grandes depósitos de petróleo nas águas de São Tomé e Príncipe, companhias petrolíferas começaram a acorrer para obterem acesso a potenciais receitas.

Essas companhias ofereceram milhões de dólares em bónus pelos direitos de perfuração a um país onde os seus cidadãos ganham em media menos de 300 dólares por ano.

Julian Lee, analista do Centro de Estudos de Energia Global, com sede em Londres, disse que essa corrida foi alimentada pela descoberta de petróleo em áreas próximas.

“Penso que grande parte da excitação que ouvimos há quatro ou cinco anos atrás sobre São Tomé foi gerada por uma série de grandes companhias petrolíferas ocidentais que esperavam que as águas ao largo da costa da África Ocidental viessem a provar ser uma fonte prolífica de novos depósitos de petróleo. Tem havido descobertas de petróleo a grandes profundidades ao largo de Angola e da Nigéria. A esperança era de que as descobertas nigerianas se prolongassem para sul até as águas de São Tomé”.

A primeira companhia a ganhar os direitos de perfuração na área entre a Nigéria e a São Tomé – conhecida por Zona de Desenvolvimento Conjunto – foi a Chevron, que pagou mais de 120 milhões de dólares por aqueles direitos.

No mês passado, a companhia norte-americana informou que a sua primeira perfuração não descobriu petróleo em quantidade suficiente para ser comercializado.

Rafael Branco, um antigo ministro do Petróleo sãotomense, não está surpreendido. Falando em Inglês ao correspondente da VOA em Dacar, Branco disse que políticos ansiosos por receitas rápidas inflacionaram as expectativas da população sãotomense.

“Isto é trabalho de políticos. O facto das companhias petrolíferas dizerem que precisam de mais tempo é bom porque ajudará as pessoas a realizarem que temos de encontrar outras formas para desenvolver o país. O dinheiro, por si só, não resolve o problema da pobreza. Existem muitos países com petróleo onde a pobreza está a aumentar”.

O analista Lee afirmou que, embora vá levar tempo para aferir o potencial petrolífero de São Tomé, nenhuma companhia irá abandonar as pesquisas com base nos resultados de uma única perfuração.

“O processo de negociação dos direitos de exploração em São Tomé abrandou. Mas penso que esse abrandamento é temporário. O interesse vai voltar a subir qualquer dia”.

A economista do Banco Mundial, Dorsati Madani, afirmou que o país deve preparar-se, para no caso de ser descoberto petróleo. São Tomé e Príncipe recebeu mais de dois milhões de dólares do Banco Mundial para desenvolver o seu sector petrolífero.

“Não vamos reduzir o montante. As necessidades existem. Apenas porque o primeiro furo não produziu resultados comerciáveis, pelo menos por agora, não quer dizer que não haja petróleo em São Tomé. Poderá demorar algum tempo, mas eventualmente acabará por ser descoberto petróleo”.

Mas Madani acrescentou que, mesmo que seja agora descoberto petróleo de alta qualidade, levará pelo menos cerca de cinco anos até que São Tomé e Príncipe comece a receber quaisquer receitas petrolíferas.

“Uma grande parte dos ganhos da produção voltará para a companhia petrolífera para cobrir os custos da perfuração. Então depois é que o dinheiro começa a chegar em quantidade ao país”.

A economista do Banco Mundial concluiu dizendo que em média, na exploração petrolífera, por cada quatro poços que forem perfurados, um tornar-se-á rentável.

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