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O Ruanda Pode Entrar em Novo Ciclo de Violência


Uma organização de protecção dos Direitos Humanos adverte que o Ruanda pode entrar num novo ciclo de violência, caso as autoridades não protejam os participantes nos julgamentos que estão a ouvir os casos relacionados com o genocídio de 1994.

No seu relatório, a Human Rights Watch afirma que os assassinatos, em Novembro último, de um sobrevivente do genocídio e de um juiz de um tribunal popular, desencadeou uma série de assassínios em sinal de vingança, provocando um total de 13 mortos.

Alison Des Forges, um consultor sénior da Human Rights Watch, disse à VOA que as autoridades ruandesas não responderam adequadamente ao assassinatos. No caso das três mortes, disse ela, as testemunhas e as provas sugerem que a polícia terá executado sumariamente as três vítimas: “Este padrão de falhas tem causado um aumento das tensões, o que é uma questão grave numa situação de post-genocídio”.

Durante o genocídio de 1994, no Ruanda, extremistas hutu mataram perto de 800 mil tutsis e de hutu moderados.

Os cérebros do genocídio, altas entidades no no então governo hutu, nos media e nas forças armadas estão a ser ouvidos perante o Tribunal Criminal para o Ruanda, que tem a sua sede na Tanzânia.

Os que participaram nos morticínios, nas pilhagens e noutros crimes estão a ter os seus casos ouvidos através de tribunais de aldeia, presididos por membros da comunidade especialmente treinados e escolhidos pela sua integridade moral.

Este sistema local, instituído em parte para ultrapassar o congestionado sistema de tribunais do Ruanda, tem vindo a ser criticado tanto pela Human Rights Watch como pela Amnistia Internacional.

Des Forges, da Human Rights Watch, disse à VOA que tanto as vítimas tutsi como hutu dos recentes actos de violência resultam da protecção inadequada, ineficaz e parcial contra os respectivos grupos étnicos.

Diz ela que, se nada for feito, poderá haver um novo ciclo de violência no Ruanda: “Se não houver uma acção eficaz da polícia, obviamente que o medo e a tensão crescerá entre os grupos de sobreviventes. E, entre os sobreviventes, tem-se vindo a falar em formar grupos de autodefesa para se protegerem contra o que consideram ser um aumento nos crimes de represália contra os hutu. A outra consequência é a continuação ou mesmo o aumento da matança dos sobreviventes, de testemunhas e de juízes por parte daqueles que receiam a acção dos tribunais”.

Tentativas para entrar em contacto com as autoridades ruandesas não foram bem sucedidas. O secretário permanente do Ministério do Interior ruandês, Joseph Mutaboba, disse à VOA não conhecer o relatório da Human Rights Watch, mas adiantou que as autoridades estão a fornecer segurança aqueles que estão a participar nos julgamentos que têm lugar nos tribunais locais.

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