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Annan Apela à Liderança Americana


O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, aproveitou o seu discurso de despedida para aconselhar os EUA contra o risco de sacrificar os seus ideais de liberdade na luta contra o terrorismo. Annan discursava na cidade natal do antigo presidente americano Harry Truman.

Simbolicamente, o secretário-geral da ONU deslocou-se à Biblioteca Museu do Presidente Truman, na cidade de Independence, no Estado do Missouri, para proferir o seu último discurso enquanto no desempenho das funções de de secretário-geral das Nações Unidas.

Dirigindo-se à audiência, que incluia políticos e académicos, Annan elogiou os esforços do falecido presidente Truman para ajudar a reconstruir a Europa, depois da II Guerra Mundial.

Muito embora o secretário-geral da ONU não tenha mencionado o nome da administração Bush tornou, no entanto, claro que não está satisfeito com a actual liderança dos EUA. Disse Annan: “ Vós, americanos, que no último século tanto fizestes para edificar um sistema multilateral eficaz, com as Nações Unidas no seu centro. Será que necessitam menos dela, ou ela necessita menos de vós, do que há 60 anos atrás? Estou certo de que não. Hoje, mais do que nunca, os americanos, como o resto da Humanidade, necessitam de um sistema global funcional, graças ao qual os povos do mundo possam enfrentar juntos os desafios globais. E, para que possa funcionar, o sistema ainda necessita de uma liderança americana com visão do futuro, na tradição de Harry Truman”.

Annan advertiu Washington para que não abandone os seus ideais, enquanto se empenha na luta contra o terrorismo global: “Este país tem, historicamente, estado na vanguarda do movimento global em prol dos Direitos Humanos. Mas, a liderança apenas poderá ser mantida se a América se mantiver fiel aos seus princípios, incluindo na luta contra o terrorismo, Quando parece abandonar esses princípios. Quando parece abandonar os seus próprios ideais e objectivos, os seus amigos no estrangeiro ficam naturalmente perturbados e confusos”.

Annan invocou repetidamente o nome de Harry Truman e apelou os EUA a exortar as nações a “fazer o que de si se espera” e a “faze-lo obedecendo às regras”: “Os EUA têm dado ao mundo um exemplo de uma democracia na qual todos, incluindo os mais poderosos, estão sujeitos ao primado da lei. O seu actual momento de supremacia no mundo dá-lhe uma oportunidade preciosa oportunidade de divulgar esses mesmos princípios ao nível global. Como disse Harry Truman: “Todos nós temos que reconhecer que, não importa a grandeza da nossa força, temos que nos negar a nós próprios a licença de fazermos sempre o que nos apetece”.

Depois do seu discurso, Annan rejeitou sugestões feitas em pergunta que lhe foram feitas pela audiência de que estes comentários constituiam um ataque à política externa americana. Disse ele que nada poderia estar mais longe da verdade.

Disse Annan que o seus discurso poderá ser interpretado como um apelo à liderança dos EUA: “O que estou a dizer é que, quando os EUA cooperam com outros países num sistema multilateral, todos nós beneficiamos grandemente. Nós necessitamos da liderança americana. Os EUA proporcionaram-nos liderança no passado e o nosso mundo está agora num estado lamentável. Temos problemas em todo o mundo e nós necessitamos da natural liderança que os EUA protagonizaram no passado e que podem desempenhar hoje.”

Annan tem, por diversas vezes criticado asperamente posições americanas e tem mantido um relacionamento tempestuoso com o embaixador americano junto da ONU, John Bolton.

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