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André Brandão à Voz da América : Havia fissuras no CA da TAAG


Quando se chegar ao final de 2008, alguns dos segmentos do projecto Ango Ferro com o qual Angola pretende ligar as suas linhas ferroviárias, deverão estar em fase adiantada. Por esta altura o comboio deverá estar novamente em condições de ligar o Lobito ao Luau, os Caminhos de Ferro do Congo poderão ter ultrapassado a fase de estudo. Ao mesmo tempo, as obras do novo porto de Cabinda poderão estar concluídas, e o conselho de Administração do Porto de Luanda terá dado mais um passo na execução do programa ‘especifico “que lhe foi confiado, razão que segundo o ministro dos Transportes, André Luís Brandão, sustentou em parte a sua recondução. O ministro falou destes e de outros assuntos numa entrevista que concedeu à Voz da América em Washington.

Voz da América - O senhor esteve no Departamento dos Transportes, esteve no porto de Baltimore. Leva daqui alguma coisa que possa inspirar em mais cooperação entre Angola e os Estados Unidos?

André Brandão - De facto a nossa visita foi bastante profícua...Levo vários sinais, e mesmo projectos que vão reforçar mais a cooperação entre os nossos dois países. Como sabem temos acordos de cooperação institucional entre o Departamento dos Transportes e ministério dos Transportes que datam de 1998, no domínio de aviação civil, no domínio do transporte, marítimo, ferroviário e rodoviário, temos ainda acordos entre o aeroporto de Luanda e o aeroporto de Houston e entre o Porto de Luanda e o Porto de Houston. Neste âmbito tivemos ainda a oportunidade de visitar o porto de Baltimore. Gostamos do que vimos e pensamos que há uma grande oportunidade do porto do Lobito cooperar com o porto de Baltimore. Eles convidaram uma delegação do porto do Lobito a visitar o porto de Baltimore no próximo mês, por altura de uma festa anual que eles têm, também para esboçarem um quadro de cooperação. No Departamento de Transportes vislumbramos projectos sobre a construção de novas estradas eles predispuseram-se a assistir-nos na elaboração de projectos e também na criação de sistema de segurança rodoviária.

Voz da América - Há quatro anos quando esteve aqui a participar na conferência do Corporate Council on Africa, lembro-me de ter falado consigo a propósito dos caminhos de ferro. O senhor ministro aludiu na altura a um projecto que visava criar um nó ferroviário, como é que isto está?

André Brandão - Olhe devo-lhe dizer que felizmente temos tido a sorte de não deixar os nossos estudos na prateleira a apanhar bolor. Temos tido oportunidade de os implementar. Neste preciso momento estamos já a executar a primeira e segunda fases do projecto Ango-Ferro. Estamos a reabilitar e a modernizar os três caminhos de ferro. Há neste momento uma comissão ministerial para fazer o estudo do projecto para os Caminho de Ferro do Congo.

Voz da América - Qual será o itinerário desta linha?

André Brandão - Sai de Luanda passa por Caxito, Uíje e Mbanza Congo. Terá duas variantes: uma vai até ao porto do Soyo, e a outra atravessará o rio Zaire seguindo até Cabinda. Já temos um pré-estudo da ponte rodo-ferroviária sobre o rio Zaire com três variantes de localização, o pré-estudo já foi levado ao conselho de Ministros que deu anuência ao ministério das Obras Públicas para que dê continuidade ao projecto, por conseguinte podemos dizer que ganhamos tempo em relação à execução do projecto Ango-Ferro. É um projecto de onze anos. Neste momento estamos a executar duas das quatro fases, quer dizer estamos reabilitar e modernizar. Depois vamos entrar na fase da extensão dos nós de ligação entre as diferentes vias ferroviárias.

Voz da América - Quando pensa que o comboio chegará ao leste de Angola, isto ligar o Lobito ao Luau?

André Brandão - O nosso programa vai para finais de 2007, meados de 2008.

Voz da América - O senhor ministro sabe melhor do que eu, quão importante é política e economicamente a reabilitação e o crescimento do porto de Cabinda.Há alguma coisa em vista para o porto de Cabinda?

André Brandão - Devo-lhe dizer que também é com satisfação- às vezes quando a gente diz isso, quem não vê pensa que estamos a exacerbar o nosso optimismo.. mas devo lhe dizer que quando nos foi entregue o porto, isto é Dezembro de 2003, a sua situação era péssima. Hoje temos se calhar o terceiro melhor porto no estado em que ele está; reabilitamos completamente o porto de Cabinda, aumentamos as áreas de movimento, já estamos a receber navios de contentores médios e finalmente podemos dizer que a partir de 2007 vamos arrancar com o projecto de um novo porto. Não como as pessoas queriam, ou seja que construíssemos um mega-porto para atender necessidades que não de Cabinda, mas vamos construir um porto que se ajusta claramente às necessidades presentes e futuras de Cabinda e que possa receber navios de maior calado, sem ser necessário fazer o transbordo. A nossa aposta é essencialmente acabar com transbordo de cargas em Cabinda.

Voz da América - Muito se falou em Angola nos últimas semanas em relação aos aviões encomendados à Boeing. Na verdade o que é que se passa, quando é que a TAAG vai receber os seus aviões?

André Brandão - Eu creio que se falou mais do que se devia. Quem conhece o governo angolano, sabe que ele sempre cumpriu os seus compromissos. Nós não estamos atrasados para com a Boeing, nem a Boeing está atrasada para com Angola.

Voz da América - Quer me parecer que os aviões deveriam chegar a Angola em Julho...

André Brandão - O que tivemos que fazer um ajustamento no programa devido ao atraso verificado na preparação da recepção das aeronaves. As aeronaves estão produzidas, as tripulações estão a ser formadas, as condições técnicas no país estão a ser melhoradas para a recepção das mesmas. Elas deveriam ser entregues em Agosto, e teve que se postergar para Novembro por que se não elas chegavam a Angola e ficavam parqueadas, e nós não compramos aviões para ficarem parqueados. Compramos para voar. Assim temos a certeza de que quando as aeronaves chegarem a Angola em Novembro começarão a voar no mesmo dia.

Voz da América - O senhor ministro diz que se falou mais do que se devia em relação à questão dos aviões, mas não se falou tanto como se falou dos conselhos de administração da TAAG e do porto de Luanda. O porto viu todo conselho reconduzido, e a TAAG viu todo Conselho substituído...Na verdade o que foi se passou em relação a um e outro?

André Brandão - Creio que não podemos julgar as coisas de forma aritmética. Tudo tem o seu mérito de demérito. Quando demos conta verificamos que os conselhos de administração da TAAG, do Porto de Luanda e da ENANA haviam cumprido mais do que um mandato. Cumpriram um mandato completo, cumpriram quase mais de metade de um segundo mandato. Havia necessidade, dentro da estratégia de desenvolvimento do sector de se introduzir novas performances e novos métodos de gestão nas companhias, isto é na TAAG, no porto de Luanda e na ENANA. Em função disso foram feitos os ajustamentos. Ora não é o facto de não se reconduzir o conselho de Administração da TAAG que não se devia reconduzir o conselho de Administração do porto. Se as pessoas têm a memória fresca devem verificar que o conselho de administração da TAAG demandou de uma comissão de gestão que tinha cumprido mais de dois anos. O conselho de Administração do porto de Luanda está a implementar um programa específico. É preciso deixá-lo acabar, até porque o programa está a ser implementado dentro dos parâmetros que estavam determinados. Por outro lado o Conselho de Administração da TAAG tem algumas fissuras entre si, e o governo não pode ficar impávido e sereno a olhar as coisas irem para o fundo de mar. Tem responsabilidades acrescidas até porque se trata de uma companhia que tem mais de quatro mil trabalhadores. Por isso tomou os ajustamentos necessários.

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