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Cabo Verde a Braços com Vaga de Imigrantes Clandestinos Africanos


O governo cabo-verdiano vai solicitar à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a CEDEAO, a suspensão da cláusula que regula a livre circulação de pessoas e bens no quadro dessa comunidade sub-regional da África Ocidental e da qual Cabo Verde é membro, para tentar estancar o fluxo de imigração ilegal da costa africana para o arquipélago.

A intenção avançada em tempos em entrevista à VOA pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, foi ontem confirmada pelo semanário cabo-verdiano , “Semana Online” precisamente no dia em que mais um grupo de imigrantes clandestinos africanos dera a costa no arquipélago espanhol das Canárias.

O assunto, que chegou a agitar a campanha para as eleições legislativas de Fevereiro último no arquipélago pela voz da oposição parlamentar cabo-verdiana, foi ontem retomado pela

“ Semana Online “ que confirma inclusive movimentações diplomáticas já em curso e tendentes a desobrigar Cabo Verde da cláusula do Tratado de Abuja, que regula a livre circulação de pessoas e bens a nível da Comunidade Económica dos Estados da CEDEAO.

Esta intenção de Cabo Verde e que, aparentemente parece reunir o consenso das forcas políticas do país, tem por motivação receios da estabilidade e dos níveis de desenvolvimento registados no arquipélago serem postos em causa por um fluxo insuportável de imigrantes ilegais provenientes da costa ocidental africana.

Aliás, em entrevista recente à VOA, o primeiro-ministro cabo-verdiano reiterava já a determinação do seu governo em fazer desta questão, uma das prioridades da sua governação.

“Cabo Verde necessariamente terá que analisar determinados acordos existentes, designadamente a livre circulação e bens no quadro da CEDEAO. Vamos estudar esta matéria, é uma questão vital para a nossa segurança. Claro que teríamos que promover um debate nacional sobre esta matéria e o governo estaria decidido a levar adiante esse debate que é vital para a nossa segurança nacional, nomeadamente a definição clara de uma política de emigração e analise de toda essa problemática de circulação de pessoas e bens nesta região.”- frisou na altura o chefe do governo cabo-verdiano.

A confirmação de que Cabo Verde, mantém contactos diplomáticos com a organização sub-regional, veio a público, coincidentemente na véspera do início das operações de patrulhamento marítimo anunciadas pela Agência Europeia de Fronteiras.

Com propósitos meramente dissuasores, esta iniciativa dos europeus, em parceria com um grupo de países africanos, prevê o patrulhamento das costas da Mauritânia, de Cabo Verde e do Senegal, dependendo este último de um acordo em fase de negociação com Dacar e enquadra-se num esforço de contenção da imigração clandestina proveniente da costa africana com destino a Europa.

No quadro da iniciativa, navios e aviões da guarda costeira de Espanha, Itália, Finlândia e de Portugal, país ao qual coube o apoio ao patrulhamento da costa cabo-verdiana, estarão envolvidos nas operações em colaboração com os meios navais africanos.

O anúncio do arranque das operações de patrulhamento conjunto das fronteiras marítimas euro-africanas, terá eventualmente estado na origem da antecipação do mais recente fluxo de imigrantes africanos com destino as costas da europeias.

Cerca de 532 imigrantes africanos deram ontem à costa das ilhas de La Gomera e de Tenerife, no arquipélago das Canárias.

Das mais de cinco centenas de africanos interceptados pelas autoridades costeiras espanholas, pelo menos dez são crianças, menores de idade, facto inédito desta saga imigratória africana.

Sabe-se ainda que, pelo menos, dois cidadãos africanos foram resgatados com vida na costa espanhola, na sequência do naufrágio da embarcação em que seguiam e que a guarda costeira de Espanha leva a cabo operações de buscas de pelo 12 outros ocupantes da embarcação alegadamente naufragada.

De acordo com fontes da Cruz Vermelha, a maior parte dos imigrantes terá partido do porto de Dacar, no Senegal, numa viagem que durou sete dias até as costas das Canárias.

Enquanto isso, fonte governamental cabo-verdiana confirmou à VOA que a intercepção do grupo de imigrantes africanos na costa do arquipélago espanhol esta sendo acompanhada pelas autoridades de Cabo Verde, alertadas para o efeito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Victor Borges, coincidentemente de férias nas Ilhas Canárias.

Borges terá alertado a Praia para a possibilidade de embarcações com imigrantes clandestinos a bordo, darem à costa daquele arquipélago mais a Sul.
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